Em 2005, vi a minha avó morrer nas urgências do Hospital Padre Américo, com 83 anos, na sala de espera, sem que uma cama pudesse acolher o seu último sono. Passaram muitos anos sem que, felizmente, tivesse de recorrer aos serviços de urgência de adultos. Até há bem pouco tempo, como acompanhante e na qualidade de doente, ambos os casos avaliados com pulseira amarela, correspondente a um tempo máximo de espera de uma hora. No entanto, o tempo de espera até primeira avaliação médica durou várias horas, a que se somaram muitas mais à espera dos exames de diagnóstico. Tudo somado, mais de dez horas nas urgências de cada uma das vezes. Apesar de tudo, um olhar ao meu redor atenuava as minhas dores: muitos idosos vulneráveis, doridos da postura incómoda de horas, com dificuldades respiratórias, dores, indisposições… Lamentos e mais lamentos… Algumas pessoas lá estavam desde o dia anterior. Houve mesmo quem desmaiasse na sala de espera, depois de ter anunciado que se sentia mal.
Porquê? Por que razão, volvida mais de uma década, continuamos a encontrar situações de claro desrespeito pelos direitos constitucionalmente consagrados? Como cidadã, tenho apenas os dados que a experiência me proporcionou. Vi profissionais competentes, sempre a correr, cansados, que, com muito esforço, amenizam os efeitos nefastos da falta de recursos. Vi a luta de todos para que o sistema não entre em falência. Vi tristeza, desânimo, desespero e também… resignação.
Contra a resignação e por uma sociedade melhor, atitudes que sempre caracterizaram o PSD Lousada, na última Assembleia Municipal, Fausto Oliveira instou a autarquia a pressionar o poder central no sentido de criar condições para que o serviço de urgências do Hospital Padre Américo responda às necessidades dos cidadãos, posição que mereceu o aplauso de toda a Assembleia, que irá avançar com uma moção conjunta contra o que considera ser um caos naquele serviço.
Na passada segunda-feira, ficamos também a saber que o grupo parlamentar do PSD na Assembleia da República, através de um Projeto de Resolução, recomenda ao Governo o reforço do investimento e dos profissionais de saúde no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. Este processo foi liderado pelo deputado Simão Ribeiro, agora presidente do PSD Lousada, sempre atento às necessidades do seu concelho e da região. O objetivo é melhorar a acessibilidade das populações da região do Vale do Sousa e Baixo Tâmega aos cuidados de saúde prestados pelo CHTS, mormente no que concerne ao serviço de urgências e ao acesso a consultas de especialidade em que os tempos de espera são superiores aos Tempos Máximos de Resposta Garantida.
Independentemente das cores partidárias, seria desejável que todos os municípios abrangidos pelos serviços do CHTS se unissem nesta reivindicação justa. Unidos, certamente, faremos a diferença, numa região que o poder central sempre pintou de cinzento!
Estamos cansados de tanto esperar!