Com muita frequência, o debate sobre os saberes humanísticos centra-se na pergunta sobre a sua utilidade: são proveitosos para encontrar um emprego?
Se a resposta for negativa, a conclusão é que não são úteis e, por isso, podem ser deixados de lado pela maioria das pessoas. Tornam-se matérias que facilmente desaparecem dos currículos para dar lugar a outras mais práticas e vantajosas.
Mas, atenção: não há riqueza interior sem saberes humanísticos, sem a leitura pausada de bons livros acompanhada de uma reflexão pessoal sobre as grandes questões que a nossa existência obrigatoriamente nos coloca.
O conhecimento que adquirimos não pode ser somente técnico (saber fazer): tem de ser também sapiencial (que sentido tem a minha vida e aquilo que faço). Caso contrário, o ser humano fica desequilibrado: pode saber muito de como fabricar algo, mas a sua humanidade fica embrutecida, e isso dificulta o relacionamento consigo mesmo, com os outros e com a realidade que o circula.
A vida intelectual de uma pessoa (todos estamos chamados a tê-la, uma vez que somos seres inteligentes) possui uma estreita relação com a sua maturidade. E a maturidade, além de emotiva e social, é, antes de mais nada, intelectual.
Sinceridade consigo mesmo, metas e fins claros na vida, valores “inegociáveis”, saber ético, reflexão, criatividade e um “são” realismo: tudo isto faz parte da maturidade intelectual que, sem saberes humanísticos, não é possível alcançar.
Tanto aquele que só lê textos superficiais como aquele que lê pouco se tornam especialmente vulneráveis diante do erro e, por isso, facilmente manipuláveis.
Como alguém dizia, os livros são os objectos mais estranhos deste mundo porque são matéria abarrotada de espírito. Se calculamos quantos livros leremos na vida, veremos a necessidade absoluta da selecção. É preciso ler o melhor daquilo que recomendam os melhores.