A liberdade que não se vê

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Em cada ser humano existe uma liberdade que se vê e outra que não se vê.

A mais simples de entender é, evidentemente, aquela que se vê. Dizemos que uma pessoa é livre quando faz aquilo que quer sem que ninguém a obrigue ou impeça. Sendo esta uma liberdade verdadeira, não é a única liberdade que o ser humano possui.

Porque o homem também possui uma liberdade interior, que é a liberdade da sua consciência. Os obstáculos da liberdade interior não estão fora de nós, mas sim dentro. É livre interiormente aquele que pode guiar-se pela luz da sua consciência, sem obstáculos interiores que lhe impeçam isso.

E quais são esses obstáculos à liberdade interior?

Fundamentalmente são dois: a ignorância e a fraqueza.

A ignorância apaga a voz da consciência porque a deixa às escuras. É difícil percorrer o bom caminho se não temos uma luz que nos permita encontrá-lo.

Aquele que não sabe o que tem de fazer (falta de formação) dificilmente acertará ao usar a sua liberdade. Uma consciência deformada ou com pouca formação moral complica muito as escolhas que uma pessoa realiza, porque lhe falta essa luz para seguir o bom caminho.

Se uma pessoa não foi ensinada a valorizar certos bens (amizade, lealdade, cultura, honradez, amor à verdade) nem sequer se aperceberá de que eles existem e, por isso, é muito difícil que livremente os queira obter.

A fraqueza, pelo contrário, deixa que a desordem dos sentimentos ou a pressão externa diminuam a liberdade interior. As diferentes manifestações da fraqueza pressionam ou até apagam em parte a voz da consciência.

Quem tem uma paixão desordenada pelo jogo, por exemplo, não consegue decidir bem o que fazer em cada dia (falta-lhe liberdade interior) porque essa paixão o arrasta constantemente a fazer aquilo que “sabe” que lhe faz mal. Não é que essa paixão lhe anule completamente a liberdade, mas é evidente que a condiciona muitíssimo.

As fraquezas não combatidas a tempo dão origem aos vícios, e uma pessoa viciada é, logicamente, menos livre.