O enredo em torno da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Arreigada, em Paços de Ferreira, parece ter saído directamente de uma novela mexicana, com tantas reviravoltas e episódios que se arrastam desde 2016. Apesar dos anos de investimento e promessas de solução, os problemas persistem e a população continua a sofrer as consequências.
Construída em 1993 com o objectivo de solucionar questões ambientais, a ETAR de Arreigada nunca cumpriu sua função primordial. Pelo contrário, os problemas agravaram-se com o passar do tempo. Entretanto, em 2016, foi anunciada a ampliação da ETAR e foram gastos nas obras, que terminaram há pouco mais de um ano, cerca de 5,1 milhões de euros, com promessas de que a nova infra-estrutura, apoiada por tecnologia avançada, seria capaz de resolver a poluição do Rio Ferreira e eliminar os maus cheiros que afligem a região. No entanto, após todos esses investimentos e atrasos, a realidade é outra.
Esta semana, noticiámos a instalação de uma ETAR provisória para tentar solucionar o problema de poluição no Rio Ferreira, com um custo estimado de 700 mil euros. Além disso, uma nova ampliação está prevista, com um valor astronómico de 15 milhões de euros, o que vem somar-se aos referidos 5,1 milhões gastos na ampliação recente. Mas a ETAR nunca funcionou adequadamente.
É importante salientar o desperdício de recursos públicos envolvidos nesse processo e a falta de responsabilidade das autoridades competentes. A população e o meio ambiente pagam o preço dessa ineficiência e os investimentos parecem servir apenas para mascarar a inércia e a incapacidade de resolver um problema que se arrasta há décadas.
A saga da ETAR de Arreigada deve servir como exemplo de como a gestão pública de infra-estruturas deve ser repensada. É preciso exigir mais eficiência, transparência e responsabilidade com os recursos públicos. Enquanto isso não ocorrer, continuaremos a presenciar histórias dignas de novelas, com finais trágicos para o meio ambiente, para a qualidade de vida da população e para o dinheiro público.