Até ao final do presente mandato, esta deverá ser a última vez que escrevo algumas linhas sobre posições ou atitudes tomadas por parte da atual liderança do PSD de Paços de Ferreira. Faço-o com profunda tristeza, pois sempre entendi o exercício da política ao nível local, como veículo privilegiado para a defesa dos superiores interesses dos cidadãos. No entanto, quando se pessoaliza a intervenção política e quando o sentimento de ódio é o mote de todas as ações e declarações públicas, torna-se impossível qualquer tipo de debate.
De forma objetiva e fatual impõe-se dizer que, por parte dos atuais responsáveis do PSD, os resultados eleitorais de Outubro passado não foram recebidos com a naturalidade que os mais elementares princípios e valores democráticos recomendam. Pelo contrário, sem qualquer mea culpa na derrota histórica que o PSD sofreu, desde logo foi criada uma narrativa de que tudo isto aconteceu porque o povo não soube, nem sabe, o que quer.
Daqui partiu-se para a massificação do ataque ad hominem, sendo o atual Presidente da autarquia Humberto Brito, o principal alvo e recetor de uma inaceitável e incomensurável raiva. Esta cegueira política, acompanhada de uma brutal arrogância e de um provinciano sentimento de superioridade, capitulou um partido com uma longa história no nosso concelho, como é objetivamente o caso do PSD. Estratégia a médio/longo prazo, defesa dos interesses dos munícipes, crescimento sustentado da nossa economia, são vetores que estão completamente fora do âmbito de atuação do PSD local. As armas agora são outras e a judicialização da sua ação política é suficientemente reveladora daquilo que marcará o futuro próximo deste partido.
Quando o debate político é substituído por queixas crime, denúncias a entidades terceiras e acusações torpes, como a recente tentativa de responsabilizar a Câmara Municipal por mortes ocorridas nas estradas do concelho, percebe-se que entramos num ponto sem retorno. Vingar resultados eleitorais, usando a velha máxima do quanto pior melhor, é impróprio de qualquer partido político. Aliás, se alguma vez o partido no qual milito há mais de 20 anos decidisse enveredar por este caminho, no mesmo momento apresentaria o meu pedido de desfiliação.
O futuro do PSD foi decidido pelos seus atuais responsáveis. As consequências dos seus atos, em democracia, merecerá o devido julgamento popular. Esta sua mais recente frente de guerra aberta contra os pacenses, com a denuncia à ERSAR e consequente aumento do tarifário da água a algumas centenas de pequenos comerciantes e prestadores de serviços, é uma absoluta vergonha e infantilidade. Mais se seguirão, está visto. Cá estaremos nós para, juntamente com os nossos cidadãos, resolvermos mais um problema criado pelo PSD. Sempre pensei que depois da tenebrosa herança que a todos nos deixaram, ainda houvesse algum pudor. Pelos vistos enganei-me e de forma estrondosa!