Estive fora por estes dias e completamente desligado das notícias do burgo. Quando cheguei, descobri que a mais recente polémica nacional estava relacionada com o Cartão do Cidadão. Pelos vistos, parece que o Bloco de Esquerda considera que o nome do documento tem “uma linguagem sexista”. Por isso, quer chamar-lhe Cartão da Cidadania.
Comentei isto com um amigo que me disse: “Sabes quanto custa trocar 10 milhões de Cartões de Cidadão?”. Quero lá saber. Estou preocupado é com os 15 euros que paguei pelo meu há dois meses e com o tempo que passei na fila para o renovar.
Num país em que as exportações caem a pique, em que as entidades internacionais prevêem que a economia cresça menos do que o esperado, onde um ministro passa revista às tropas sem gravata e onde outro ameaçou colunistas de jornais com um par de bofetadas, o que é verdadeiramente importante para o Bloco de Esquerda é a linguagem sexista do documento.
Mas, ao enveredar por este caminho, o BE vai ter muito trabalho. Quando os deputados se dirigirem aos colegas dizendo “senhores deputados” vão ter um problema: e as deputadas? E como se vai chamar a Ordem dos Médicos? Não há médicas? E as advogadas, não têm direito a uma Ordem? E nas escolas, vão passar a existir reuniões de pais e reuniões de mães?
Há propostas que ultrapassam todos os limites da patetice.