O Dia da Europa em Lousada foi celebrado pelo 15º ano com a atribuição do primeiro prémio das Olimpíadas da Europa a uma aluna do Externato de Vila Meã. Durante a tarde, houve um debate sobre a “Europa e os Direitos Humanos”, no Centro de Interpretação.
Esta quinta-feira, o dia começou cedo. Durante a manhã, na Escola Secundária de Lousada, decorreu a fase final das Olimpíadas, uma prova que testa o conhecimento dos alunos do sétimo ao 12.º ano da região do Vale do Sousa, com cerca de 90 alunos apurados das fases anteriores.
Diana Nunes tem 15 anos e estuda no Externato de Vila Meã, no 10º ano. Foi a primeira classificada, com 16 valores, nas Olimpíadas da Europa e levou para casa um tablet e uma estadia em Renteria aquando da realização da Colónia de Férias de Lousada na cidade espanhola. “Não fazia a mínima ideia que vinha cá parar”, conta, revelando que não está ligada à política, área para a qual não está “muito inclinada”. As alterações climáticas é o tema, a nível europeu, que procura acompanhar mais.
Atenta à mesma temática, que defende dever ser “uma das maiores prioridades”, está Flávia Silva, do 12º ano da Escola Secundária de Penafiel. Ficou em segundo lugar, com 16 valores também, recebendo um tablet. “A política tem muito a ver com os nossos dias e temos de ter sempre consciência dela e também da Europa, já que somos cidadãos europeus”, refere.
Cristiano Silva, de 17 anos, da Escola Secundária de Felgueiras, com 15 valores, ganhou também um tablet. “A abstenção na União Europeia é elevada, por isso, este é um assunto que tem de ser muito discutido por parte dos jovens”, sublinha, acrescentando que é a favor que a temática da ciência política faça mais parte das escolas.
Este ano, participaram 250 alunos, provenientes de oito escolas: Escola Secundária de Lousada, Externato de Vila Meã, Escolas Secundárias de Felgueiras, de Penafiel, de Alpendorada, da Lixa, de Paços de Ferreira e de Castelo de Paiva.
A Secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Helena Ribeiro, que é também de Vila Meã, direcionou o discurso, um pouco emocionada, para a plateia repleta de estudantes. Relembrou a abstenção elevada nas eleições europeias, que ocorrem a 26 de Maio, e apelou a que os jovens votem e incentivem a família a fazê-lo. Aconselhou ainda os mais novos a “não serem maus” para os migrantes que buscam melhores condições de vida, “acolhendo-os”. “Podíamos ser nós”, acrescenta.
“Não há soluções mágicas. Compete-nos fazer o que estiver ao nosso alcance para convencer aqueles que nos rodeiam a deixarem-se de comodismos. Deixar que sejam os outros a escolher é muito perigoso porque os movimentos radicais têm força e aqueles que se deixam influenciar por eles vão votar”, refere Pedro Machado, presidente da Câmara Municipal de Lousada.
“É uma responsabilidade nossa também fazer crer a estes jovens que são cidadãos europeus em pleno”, destaca a responsável pela iniciativa e vice-presidente da Câmara Municipal de Lousada, Cristina Moreira. “Quando nasci não me sentia europeu e vocês hoje sentem-se”, refere Carlos de Sousa Mendes, secretário-geral do Ministério da Justiça, após ter feito uma brincadeira com a audiência, questionando quem era português e quem era europeu. “O futuro do país é dos jovens e é neles que temos que investir”, acredita Armanda Gonçalves, juiz presidente do Tribunal Judicial da Comarca do Porto Este.
Humberto Brito, presidente da Valsousa e da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, comparou alguns aspectos que unem os seis concelhos que compõem a Valsousa e que os unem à Europa e que se guiam pela “preservação da memória histórica para projectar o presente e o futuro”.
Maria de Fátima Carvalho, agente do Governo Português junto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, explicou que “qualquer pessoa pode dirigir-se ao Tribunal Europeu”, na própria língua, sendo gratuito numa primeira fase. No entanto, refere que 80% dos casos são arquivados, muitas vezes, porque “não se consegue perceber bem a situação”.
“Estão a aumentar muito os casos de maus-tratos e condições desumanas em prisões e relativos a migrantes”, aponta. Em Portugal, adianta, os principais casos denunciados estão relacionados com “atrasos na justiça” e “violação do direito à vida”.
“O problema não é só do Estado e das organizações internacionais, é das pessoas, que são os primeiros titulares dos direitos. A sociedade civil é que deveria obrigar o Estado a cumprir as suas obrigações”, defende José Manuel dos Santos Pais, membro do Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas. “Os Direitos Humanos não são uma realidade fixa a imutável”, explica.