«Se a Igreja moderasse as suas exigências doutrinais, creio que teria muitíssimas mais adesões. Para a Igreja sobreviver é vital que saiba adaptar a sua doutrina aos novos tempos».
Já ouviram este tipo de argumentos?
É bom saber que eles, longe de serem originais, repetem-se há mais ou menos dois mil anos.
Há pessoas que garantem que teriam fé se vissem ressuscitar um morto. Ou se, porventura, a Igreja moderasse as suas exigências em relação a alguns pontos da sua doutrina (que, já agora, convém recordar que não é sua, mas sim de Jesus Cristo).
Mas o mais provável é que, mesmo que hipoteticamente se cumprissem as condições que enunciam, a sua falta de fé encontrasse outros requisitos em que apoiar-se.
E aqueles que não acreditam devido ao seu incoerente comportamento moral, não passariam a acreditar mesmo que um morto ressuscitasse diante deles. Rapidamente, encontrariam uma “sábia” explicação para o fenómeno que os deixasse continuar a viver como sempre.
Convém recordar a atitude que tiveram os príncipes dos sacerdotes quando viram Jesus ressuscitar Lázaro. Em vez de acreditarem no que viam os seus olhos, decidiram matar também Lázaro porque, por causa dele, muitos acreditavam em Jesus (cf. Jo 12, 10-11).
A Igreja, como qualquer pessoa sensata, defende o que considera verdadeiro e não deseja “diluir” essa verdade. Isto não é intolerância. É, simplesmente, defender com coerência as próprias convicções.
Ouvi, recentemente, uma comparação que me pareceu muito oportuna:
«Quando alguém diz com convicção que dois mais dois são quatro e aparece outro que diz que são seis, surge hoje em dia com facilidade um terceiro que, em nome do diálogo e do respeito mútuo, diga que são cinco».
Mas o pior vem depois: surgem pessoas que elogiam efusivamente o terceiro como sendo alguém conciliador e profundamente tolerante.
Que conceito mais intolerante do que significa a tolerância!