José Costa, natural de Parada de Todeia, Paredes, conquistou, recentemente, o título de vice-campeão mundial de stick-fighting.

A prova internacional promovida pela Global Stick and Blade Alliance, disputada em Lisboa, contou com 184 atletas de 12 países (Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos da América, França, Inglaterra, Irlanda, Itália, Noruega, Polónia, Portugal e Suíça). A selecção portuguesa foi composta por 52 atletas, dos seis aos 50 anos.

Ao conquistar este título, o paredense apurou-se para representar Portugal no campeonato da Europa desta modalidade de combate com bastão, que se disputa em 2019. O sonho é ser campeão do mundo em 2020.

Objectivo é estar no Mundial de 2020

Tem 40 anos e cresceu e viveu em Parada de Todeia, Paredes, até aos 27 anos. Só abandonou a terra, onde pretende voltar um dia, para cumprir o sonho de ficar integrado na Unidade de Intervenção da GNR, em Lisboa.

Era franzino, recorda, mas desde sempre se dedicou ao desporto. Jogou futebol no FC Parada, durante a juventude e depois nos seniores, e praticou karaté durante sete anos num clube de Recarei.

Também cedo começou a trabalhar. Tinha 13 anos quando começou como operador de máquinas. Não esconde que foram anos maus, mas que o fizeram sonhar e ambicionar mais. “Sabia que não era aquilo que queria para a minha vida e comecei a criar os meus próprios objectivos”, salienta.

Voluntariou-se para o serviço militar e, assim que terminou, candidatou-se à Guarda Nacional Republicana. Entrou no limite da idade, tinha 26 anos. Foi colocado em Lisboa, por escolha própria. Queria entrar na unidade de intervenção. Concorreu, fez o curso e ingressou no batalhão operacional.

E foi através dessa unidade que chegou ao stick-fighting, um desporto de contacto baseado no combate com bastão. Hoje, representa a Stick-fighting Team da Unidade de Intervenção da GNR, treinada pelo bi-campeão do mundo, Carlos Santos. “Tinha uma grande amizade e respeito por ele e quando ele propôs o projecto na unidade desafiou-me a fazer parte da equipa”, conta José Costa.

O paredense aceitou o desafio. E, com apenas quatro meses de treino, venceu, em Novembro de 2017, o torneio “Challenge” do Museu Militar. Já em Abril deste ano foi vice-campeão nacional e apurou-se para o mundial disputado, no mês passado, em Lisboa. Foi chamado a representar a Selecção Nacional de Stick-Fighting, no Stick-Fighting World Championship 2018, e conquistou o título de vice-campeão do mundo, na categoria light-weight. Com este resultado, já garantiu o apuramento para o Campeonato Europeu de 2019, a realizar em Itália. O objectivo é estar no Mundial de 2020. “Como militar represento a pátria, mas representar a selecção nacional foi para mim um grande orgulho”, assume o natural de Parada de Todeia.

Orgulha-se também de estar numa equipa que está a lançar um projecto pioneiro: a Stick-Fighting Team da Unidade de Intervenção da GNR Portugal está a preparar atletas com mobilidade motora reduzida ou paralisia para o próximo mundial em 2020.

Desporto rápido e que exige destreza e inteligência

José Costa conseguiu estes resultados quando não estava nas melhores condições para competir. Já tinha sido um ano em que sofreu outras lesões, mas apenas nove dias antes da prova teve que ser sujeito a uma cirurgia. “O médico disse que só três meses depois é que podia competir, mas a vontade falou mais alto”, confessa. Perdeu quatro quilos antes e depois da cirurgia. Como estava fragilizado fisicamente, a estratégia passou pela força mental. “Esta foi uma vitória do coração, não foi física. Não podia demonstrar a minha limitação e não podia rasgar os pontos. Só perdi com um atleta que já foi campeão do mundo várias vezes”, salienta.

O stick-fighting é um desporto rápido. “Em dois minutos decide-se tudo”, comenta. “Todos os meses de treino se resumem a dois minutos e quem perde fica logo eliminado”, explica José Costa.

O atleta de Paredes caracteriza esta modalidade como “um jogo de inteligência e destreza física”. “É preciso perceber o jogo do adversário e ter uma estratégia. Saber ler o jogo em fracções de segundo”, diz. Por isso, apesar do contacto e da importância da força das pancadas para quebrar a confiança do adversário, “não é o mais forte que ganha o jogo, é o que o interpreta melhor”.

Para abraçar a modalidade é também preciso determinação e muitas horas de dedicação e sofrimento, conta. “Levanto-me todos os dias para treinar às 5h50 da manhã antes de ir trabalhar e ainda tenho treino físico na unidade depois”, refere José Costa, que acredita que para se chegar a grandes feitos é preciso pequenas conquistas. Os próximos grandes objectivos são ser campeão da Europa e campeão do mundo, admite.

Casado e com dois filhos, José Costa não esquece o amor pela terra e promete voltar a Paredes um dia. “Cresci aqui e gosto muito disto. Os meus amigos são daqui”, resume.