É tradicional dedicar o mês de novembro à oração pelas almas do Purgatório e, muito especialmente, o dia 2, dos fieis defuntos. Este segue-se à festa de Todos os Santos com se começa o mês, recordando a multidão “que ninguém poderia contar”, como diz o Apocalipse, dos que já usufruem da presença de Deus no Céu. Nesta feliz multidão certamente que muitos tiveram necessidade de uma purificação prévia das imperfeições que levaram da vida terrena, como a falta de um arrependimento completo pelos pecados cometidos, mesmo os perdoados no sacramento da confissão.
A passagem pelo Purgatório implica um misto de alegria pela certeza da salvação e de dor, que os teólogos afirmam ser mais intensa do que qualquer padecimento terreno. Este tempo de purificação pode abreviar-se pelas nossas orações e sacrifícios em favor das almas do Purgatório, como a missa e o terço.
E é de toda a justiça esta nossa intervenção em seu favor, tendo em conta que entre elas se podem contar pessoas da nossa família e amigos, bem como benfeitores que nos ajudaram nas mais variadas circunstâncias diretas ou indiretas, tendo sido nossos médicos e professores, autores de livros de religião, de estudo ou recreativos, compositores, atores e intérpretes de música, pintura, cinema, teatro e desporto, bem como os incontáveis profissionais que de perto ou de longe contribuíram para o nosso bem-estar e desenvolvimento, como os inventores dos automóveis, do telefone ou da informática.
São muitas as oportunidades que temos de favorecer as almas dos que já partiram com pequenos sacrifícios que por elas podemos oferecer, como a de um pouco de temperança nas comidos e no uso do automóvel ou do elevador, alguma benevolência para com os nossos “inimigos”, como alguns condutores de automóvel que nos fazem das deles (parecidas às que nós também praticamos de vez em quando), suportar com “espírito desportivo” os pequenos problemas que nos surgem,sem esperar ,quer na saúde quer na vida familiar ou profissional.
Esta devoção pela ajuda às almas do Purgatório tem também outras tradições, como a de lhes dedicar um dia da semana, a segunda-feira, tal como se dedica a terça aos Anjos da Guarda, a quarta a S. José, a quinta à Eucaristia, a sexta à Paixão do Senhor, o sábado a Nossa Senhora e o domingo à Santíssima Trindade.
A ajuda que prestamos às almas dos defuntos tem uma contrapartida, de “ida e volta”, pois também elas nos podem ajudar pelos méritos das suas boas obras que praticaram na sua vida terrena e em especial quando alcançarem a glória celeste, pois não deixarão, por sua vez, de nos ajudar a nós com a sua intercessão, podendo referir-se a seu respeito, como propunha São Josemaria, “as nossas boas amigas, as almas do Purgatório”.
