
Em maio de 2023, neste mesmo espaço, escrevi que o Partido Social Democrata (PSD), outrora um dos pilares do equilíbrio político no concelho de Paredes, encontrava-se apático e sem rumo. As intervenções do líder da concelhia do PSD pareciam não passar de sombras do que já foram com outros dirigentes, destituídas de um propósito claro e inovador. Não apresentavam uma ideia estruturante, uma visão para o concelho, nem sequer um rumo político coerente.
Na altura, disse que era urgente que o PSD começasse a pensar e a preparar um nome capaz de enfrentar qualquer um dos atuais vereadores socialistas, caso algum deles decidisse ser candidato. Disse também que, no universo social-democrata, destacava-se um nome pela sua sobriedade e trajetória: Mário Rocha, empresário e fundador da Antarte, alguém que não era estranho ao panorama político, tendo já desempenhado o cargo de vereador em Paredes durante quatro anos.
Afirmei que era imprescindível que o PSD começasse a preparar o terreno para as próximas eleições. O partido devia focar-se na recuperação de alguns dos vereadores perdidos, enquanto a disputa pela presidência da câmara devia ficar em vista para um futuro próximo, no momento em que Alexandre Almeida já não pudesse ser candidato.
Na altura, muitos classificaram o que aqui escrevi como uma previsão irrealista, ou, talvez, como um devaneio sem fundamento. A verdade é que a candidatura está aí. Mário Rocha será o candidato do PSD à Câmara Municipal de Paredes.
Sabemos que na política, um ano é uma eternidade. Mas dado o panorama atual do PSD e o seu último resultado eleitoral — recorde-se que o PS tem 7 vereadores e o PSD apenas 2 —, apenas uma catástrofe política faria Alexandre Almeida perder uma eventual reeleição.
O que se gerou nas redes sociais desde o anúncio da candidatura de Mário Rocha não foi um movimento por demérito do atual presidente da câmara, mas antes um reflexo do estado em que o PSD se encontrava. Um partido irreconhecível e desmotivado, que há anos perdeu o poder local e a identidade política, onde qualquer candidatura de peso parecia uma miragem.
O entusiasmo dos social-democratas prende-se com o aparecimento de uma figura credível e respeitada, que devolve ao partido uma réstia de esperança e dignidade. A euforia, portanto, resulta de um partido que estava tão mal que o simples facto de ter um candidato forte foi suficiente para provocar uma onda de animação e otimismo.
Mas não nos iludamos. Um bom candidato ajuda a vencer eleições, mas não ganha sozinho. Para sonhar com a vitória, o PSD terá de ultrapassar obstáculos significativos e não pode esperar que a catástrofe política no lado socialista caia do céu.
Mário Rocha é natural de Rebordosa, uma das maiores freguesias do concelho. Por isso mesmo, parece-me que o segundo nome na lista deve representar Paredes, a maior e mais importante freguesia em termos eleitorais. E depois, Lordelo, um bastião histórico do PSD que precisa de ser mantido.
Sem uma equipa forte e representativa, o caminho para a vitória será estreito e pedregoso. A estratégia de reconquista precisa também de um candidato que apresente propostas concretas e sólidas, ao invés de se limitar a um nome forte e carismático.
O regresso de Mário Rocha ao cenário político paredense é um bom prenúncio para um partido que andava perdido. Mas não chega. Se o PSD quer realmente voltar a ser relevante em Paredes, precisa de estratégia, mobilização e uma equipa que inspire confiança. Só assim poderá transformar a euforia inicial numa campanha sólida e, quem sabe, vitoriosa.