São cerca de 500 pessoas do município de Lousada que disponibilizam o seu dia para cuidarem de quem amam. E não só em Lousada, mas por todo o país, são muitos os relatos de mães, pais, maridos e filhos que vivem a vida a tratar de outros. Mas, para quem cuida, não importa o parentesco, não importa dar o que muitas vezes não se tem, ou seja, um corpo mais forte do que aquele que se possui e uma resistência física e emocional que desafia todos os limites. E todas estas pessoas marcam a vida de quem não consegue viver sozinho. Tudo por amor.
Porque não é fácil viver entre quatro paredes, porque muitos deixaram para trás a vida e hoje vivem confinados a um emaranhado de atividades diárias que passam pela alimentação, a higiene, os medicamentos ou a mobilidade. E apesar de um cansaço extremo conseguem ver a esperança e dias melhores.
No dia 5 de novembro assinala-se o Dia Mundial do Cuidador e Lousada faz questão de o lembrar. O que não é de estranhar, tanto mais que o município é repetente no selo de mérito do Movimento Cuidar dos Cuidadores informais, um reconhecimento aos concelhos e freguesias do território nacional com as melhores práticas e medidas de apoio em benefício dos cuidadores informais.
Sob o lema ‘Eu Cuido. Tu Cuidas. Lousada Cuida’, logo neste dia, pelas 15h00, no Auditório da Escola Secundária realiza-se um espetáculo cultural. Seguem-se dois seminários, webinars, que pretendem apoiar os cuidadores nas suas tarefas e esclarecer acerca dos seus direitos.
Dia 8, pelas 14h30, tem lugar o “Cuidar do Cuidador: Estratégias para gerir a sobrecarga do cuidador”, apresentado Sílvia Silva, do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, e, no dia 15, o destaque vai para o “Cuidador Trabalhador: Novas alterações ao Código do Trabalho”, com Paula Valinhas Reis, da Autoridade para as Condições do Trabalho. Para 25 de novembro está programado um jantar solidário, na Escola Secundária local.
Refira-se que, a autarquia, o Centro de Apoio ao Cuidador Informal de Lousada (CACIL), a Segurança Social e a Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) apresentam atualmente uma resposta integrada de apoio ao cuidador. Segundo a edilidade estima-se a existência de cerca de “500 cuidadores” no município.
Já em Portugal devem existir mais de 820 mil, sendo que mais de metade não recebem apoio, estão “sozinhos, exaustos” e desinformados, deu conta, recentemente, um inquérito realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública, da Universidade de Lisboa.
No que diz respeito a distinções, Lousada é uma das 42 autarquias de todo o país que recebeu o selo de mérito do Movimento Cuidar dos Cuidadores informais através de um projecto, desenvolvido em parceria com a Santa Casa da Misericórdia local, que permite ao cuidador ter tempo para cuidar de si, através da sua substituição por um profissional, devidamente capacitado para prestar cuidados durante um dia ou algumas horas.
O Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais foi lançado e é apoiado pela Merck, contando com dezenas de associações portuguesas que têm como objectivo concretizar projetos capazes de ajudar, na prática, quem cuida, seja do marido, da mulher, de um filho, do pai, da mãe.
