A “falta de cuidado e civismo” traz lixo e poluição para o Leça, um rio que atravessa os municípios de Valongo, Maia, Santo Tirso e Matosinhos. O alerta é deixado pela ‘Corredor do Leça’ que diz que continua a detectar resíduos naquela área. Também têm chegado aquele organismo queixas pelo estado actual daquela zona, uma situação que se deve ao facto de as pessoas continuarem ali a depositar detritos, fazendo com que se criem focos de poluição.
A associação considera que “é penoso ver o Leça nesta situação”, sobretudo quando os quatro municípios têm “formas de recolha de resíduos sólidos urbanos”.
A ‘Corredor do Rio Leça’ sublinha que a situação se agrava sobretudo a “cada cheia sazonal”, quando os resíduos se espalham ou ficam presos nas plantas, o que tem acontecido na últimas semanas.
Por isso, esta estrutura considera “fundamental que haja uma consciência cívica global para acabar com este cenário”. Recorde-se que, até Dezembro, a associação vai realizar uma limpeza destes resíduos, mas se o comportamento das populações não melhorar, esta situação vai “repetir-se vezes sem conta”.
Por isso, a solução é simples, não deixar o lixo fora dos locais próprios, assim como “retirar resíduos dos leitos de cheia”, considera a ‘Corredor do Leça’.
Recorde-se que, no próximo mês, começa mais uma fase do projecto que inclui a “limpeza da linha de água em ambas as margens e principais afluentes”, assim como a “monitorização do rio” Leça, de forma a controlar os focos de poluição. O investimento é de quatro milhões de euros e é financiados pelo Programa REACT-EU e os trabalhos têm que ficar concluídos até ao final deste ano.
A Associação de Municípios Corredor do Rio Leça e a responsável pelo projecto que envolve os quatro municípios.
Para além da limpeza da linha de água vai ser feita a “consolidação das margens, assim como vão ser cadastrados os problemas que possam estar encobertos, de forma a evitar futuros focos de poluição.
O rio Leça nasce em Santo Tirso e desagua em Matosinhos, passando pelos municípios de Valongo e Maia. Como atravessa uma região com grande actividade industrial foi, ao longo dos anos, fustigado com focos de poluição, o que degradou a qualidade das águas e dos sistemas biológicos. Aliás, durante décadas, foi considerado um dos rios mais poluídos da Europa.
Em 2016 foi criado um grupo de trabalho focado no rio e em toda a zona envolvente, e começou a ser gizado um plano estratégico que permitisse a valorização paisagística, assim como das suas margens, nunca esquecendo a coesão territorial, envolvendo os quatro municípios que uniram esforços por um bem comum. O que está a ser feito agora.
O rio tem 48 quilómetros, mas esta intervenção de despoluição vai ser feita ao longo de 71, uma vez que abrange as duas margens e alguns afluentes.
Estes trabalhos incluem também a criação de “guias de boas práticas, realizadas acções de sensibilização com participação pública, e criada informação que será veiculada através das redes sociais”, disse, na altura, ao Verdadeiro Olhar o director-executivo da associação.
Artur Branco sublinhou que todos estes dados terão que “chegar às pessoas, levando-as a criarem consciência ambiental”, porque está em causa o bom uso de um bem comum, o que não tem acontecido até agora.