O fim de um ano é significado de balanços e o VERDADEIRO OLHAR não foge à regra. Mantendo a tradição, voltamos a destacar as Figuras e os Factos que, para nós, mais marcaram a região no ano de 2022.
E foram muitos os protagonistas, desde jovens a políticos, desportistas a empresários, até clubes, atletas e instituições de vários âmbitos, dos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo, que levaram mais longe o nome deste território. De fora, ficam outros tantos, ou até mais, que também mereceriam a nossa distinção.
O destaque vai sempre a para a nossa Personalidade do Ano. A escolha recaiu em Idalino Leão, que preside à Cooperativa Agrícola A Lavoura de Paços Ferreira, à Fenapecuária – Federação Nacional das Cooperativas de Produtores Pecuários, à Fenalac – Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite, à AGROS – União de Cooperativas de Produtores de Leite e à Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (CONFAGRI), sendo um dos rostos do sector agrícola em Portugal.
Numa altura em que a agricultura é cada vez mais desvalorizada a nível nacional, ter alguém que, a partir da região, luta pelos interesses dos agricultores é de realçar.
Cooperativa com rumo estável
Idalino Leão tem 43 anos e é licenciado em Sociologia. Reside na freguesia de Figueiró, em Paços de Ferreira.
Há muito que se tem dedicado à defesa do mundo rural. Nos últimos anos, enquanto presidente da Cooperativa A Lavoura de Paços Ferreira, tem procurado “agitar águas” e mostrar à região que tem “potencial agrícola” e que precisa de se “repensar”, lutando pela união e partilha de serviços, já que o efeito de escala “é benéfico” para todos.
A Cooperativa tem ganhado dinâmica e presta vários serviços, desde a compra e venda de produtos para a agriculturaà compra e venda de leite dos associados. Tem ainda uma secção de comércio a retalho, onde coloca à disposição dos associados e população em geral, produtos agrícolas e hortícolas entre outros artigos domésticos, e faz aconselhamento agrícola, entre outros.
Idalino Leão tem lutado pelo crescimento de um sector, muitas vezes maltratado e pouco apoiado, mas que o próprio considera essencial para a economia. Num concelho com tradição agrícola, sobretudo na produção de leite e queijo, durante a pandemia, estimulou os agricultores a continuar a produzir, para que nada faltasse à mesa da população. Por outro lado, através da Cooperativa A Lavoura, não deixou de apoiar a vertente sanitária ao mobilizar uma frota composta por dezenas de agricultores e seus tractores, que colocou ao serviço do município de Paços de Ferreira, de forma ajudar nas desinfecções das ruas do concelho, numa altura em que o vírus da covid-19 ainda era desconhecido e assustava a todos.
Em Paços de Ferreira, defendeu recentemente em entrevista ao Verdadeiro Olhar, que há menos agricultores, mas os que existem produzem “em maior volume, de forma mais profissional” e levando em conta factores como a “sustentabilidade ambiental e a zootecnia de precisão”.
Também pela sua mão, a Cooperativa tem conseguido “com ajuda de todos, manter um rumo estável, desempenhando um papel importante no fornecimento de factores de produção, bem como de um conjunto de serviços essenciais para a actividade agrícola”. Mas a meta é fazer mais. E Idalino Leão tem apelado às câmaras municipais que se criem “sinergias locais de fornecimento de bens alimentares”. Ou seja, que os produtos produzidos localmente pelos agricultores sejam consumidos nas cantinas públicas concelhias ou até mesmo nas instituições locais. Há concelhos da região em que isto já é uma realidade, pelo menos, uma vez por semana.
“A Agricultura tem de ser, sem mais adiamentos, tomada como o Desígnio Nacional por excelência”
Mas, no último ano, Idalino Leão, já também presidente da Fenapecuária, assumiu funções que lhe dão outra força e notoriedade na defesa da agricultura na região e no país.
No arranque de 2022, o residente em Paços de Ferreira foi eleito presidente do conselho de administração da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite – FENALAC para o quadriénio 2022-2025. Já nessa altura, avisava que a prioridade passaria por dar “sustentabilidade económica” à produção de leite, marcada por um período difícil “devido ao aumento muito significativo do preço dos factores de produção” e que reivindicaria apoio junto da tutela de forma “séria e persuasiva”. Tem vindo a fazer isso, tendo a coragem de deixar alertas que não agradam aos consumidores: É preciso pagar mais pelo leite para sustentar o sector, fustigado pelo aumento dos factores de produção. Se nada for feito, pode faltar leite nacional nas prateleiras dos supermercados. O tempo do “leite excessivamente barato acabou”, sentenciou a um jornal nacional.
Dois meses volvidos, seria eleito presidente da AGROS – União de Cooperativas de Produtores de Leite, também para o quadriénio 2022-2025, com a lista que encabeçou a recolher 71% dos votos. “Um forte sinal de união do sector e um sinal de esperança para os tempos difíceis que se avizinham”, antecipava. Idalino Leão assumiu o cargo “com um misto de orgulho e tremenda responsabilidade” no contexto vivido.
Em Maio, liderou a única lista aos novos órgãos sociais da CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, entidade que é representante sócio-económica da agricultura portuguesa junto das instâncias nacionais e internacionais, nomeadamente da União Europeia e que também é membro do Conselho Económico e Social e da Confederação Portuguesa de Economia Social. Representa 280 mil associados. Uma lista única que foi “um sinal de união do sector”, mas ao mesmo tempo “uma enorme responsabilidade”.
Para o mandato que vai liderar, até 2025, Idalino Leão traçou metas e estabeleceu o compromisso e empenho em defender e dignificar os agricultores portugueses. Já o tem feito. Por várias vezes, já veio a público deixar alertas e pedir apoios. Está em causa “a viabilidade de milhares de explorações” e a fragilização “do tecido produtivo nacional”, argumenta, e “urge” haver uma resposta célere e ajustada à dimensão das dificuldades, com medidas políticas. É que “quando foi preciso pedir aos portugueses para ficarem em casa em dois confinamentos, os agricultores e as suas organizações não falharam com os alimentos nas mesas”. “Esta é hora de também recebermos alguma solidariedade para continuarmos alimentar os portugueses”, tem defendido.
Desde a sua eleição, Idalino Leão tem procurado deixar clara uma mensagem: “A Agricultura tem de ser, sem mais adiamentos, tomada como o Desígnio Nacional por excelência”, sendo esta “uma questão de soberania”. Por isso, são precisas medidas e políticas que fomentem a produção e o consumo nacional, ao invés de afastar as pessoas da agricultura.
Acreditamos que Idalino Leão tem tentado ainda exercer o seu magistério de influência na defesa dos interesses dos agricultores e das cooperativas agrícolas, o que pode significar a diferença numa região como a nossa.
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