A escola secundária de Paredes comemora neste ano lectivo o seu cinquentenário.
Que o ensino do terceiro ciclo no concelho de Paredes se iniciou no ano lectivo de 1972/73 ninguém tem dúvidas, mas poder-se-á dizer que a Escola Secundária de Paredes celebra, por via disso, o seu cinquentenário?
A Secção de Paredes do Liceu Garcia de Orta nasce em Paredes, no âmbito das reformas do sistema implementadas pelo então ministro Veiga Simão, que tutelou a Educação no governo de Marcelo Caetano.
Foi assim em Penafiel, escola tutelada inicialmente pelo Liceu Alexandre Herculano, do Porto, seria depois em Paredes com a instalação da secção do Liceu Garcia de Orta, também este originário da capital de distrito.
De volta a Paredes e ao nascimento do ensino secundário no concelho.
Fosse este um concelho cujo conjunto das freguesias, em vez de se digladiarem por rivalidades bacocas ou até em disputas territoriais sem qualquer sentido e se revissem orgulhosamente na unidade geográfica e administrativa de que são partes integrantes e, talvez, as coisas tivessem decorrido com maior normalidade. Melhor dizendo: não fossem essas disputas efectivas e veementes e, por exemplo, talvez Penafiel não se tivesse antecipado na obtenção do ensino secundário público na região. Penafiel é, todos sabemos, o concelho com mais História na região e é, sobretudo, uma terra onde nasceram muitas figuras que ao longo dos séculos constituíram autênticos lobbies junto dos centros decisores. Em Lisboa, óbvia e concretamente. Ainda hoje é assim, mas não justifica tudo.
Vai daí que só em 1972 o concelho de Paredes só obteve o primeiro estabelecimento de ensino público acima do 2º ciclo que começou a funcionar e aí continuou ainda algum tempo naquelas que hoje são as instalações da Casa da Cultura de Paredes, conhecida por Palacete da Granja e onde no período anterior funcionara um colégio. Privado, obviamente.
Não se pense, contudo que o percurso seguinte se fez com a normalidade desejada. Só após o 25 de abril e oito ministros depois, o ministério da Educação e Cultura, por ordem do seu esporádico titular, José Emílio da Silva, através do Decreto-Lei nº 260-B/75 cria o ensino secundário em Paredes. Aliás, o mesmo decreto cria várias escolas com este grau de ensino em quase todo o país. Juntamente com a de Paredes são constituídas as de Amarante, Felgueiras, Marco de Canaveses e Paços de Ferreira. Penafiel não constava desta lista porque já se antecipara a todos os concelhos do Vale do Sousa.
Como era de crer, dada a importância que as sedes tinham para os seus concelhos, foi aí que se instalaram então as ditas escolas secundárias.
Terá sido assim em Paredes?
Sim. Não. Talvez. Antes pelo contrário. Na próxima crónica voltaremos ao assunto.
É assunto da próxima crónica.