A “família social-democrata” do distrito do Porto juntou-se, no sábado passado, no Pavilhão de Feiras e Exposições de Penafiel, num jantar com mais de 3000 militantes e simpatizantes do partido em que os novos órgãos distritais do PSD Porto tomaram posse.
Sérgio Humberto, o recém-eleito presidente da comissão política distrital, traçou o caminho: “O nosso primeiro objetcivo é ganhar câmaras municipais, juntas de freguesia e membros da assembleia municipal. Não temos medo de dizer isto”.
A iniciativa foi apadrinhada por Luís Montenegro, presidente do PSD, que destacou a mobilização conseguida e deixou críticas ao Governo socialista liderado por António Costa. “Parece mentira, mas não estamos em campanha eleitoral. Há muitos que nem nessa altura seriam capazes de juntar tanta gente, tanta força, garra, solidariedade e coesão para dizer a Portugal que o PSD está vivo. Dentro destes três milhares estão muitos que não são militantes do PSD, mas estamos de coração aberto para recebe-los”, disse.
Penafiel entregou ao presidente do partido uma prenda, mais 254 militantes que se inscreveram na concelhia.
Mais 254 militantes em Penafiel
O presidente do PSD Penafiel, Pedro Cepeda, usou o exemplo da coligação Penafiel Quer (PSD/CDS-PP), que alcançou o poder em 2001 e se soube “renovar” enquanto projecto autárquico, para deixar três lições: “Não existem vitórias impossíveis; os projectos autárquicos quando se sabem renovar não terminam, têm continuidade; e que só ganhamos a confiança dos eleitores se mostrarmos que queremos fazer a diferença na sua vida e encontrar soluções para os problemas e não apenas que queremos o poder pelo poder”.
O social-democrata desejou que a história de Penafiel seja inspiradora para um distrito onde só cinco câmaras estão a ser lideradas pelo PSD.
Pedro Cepeda trouxe ainda um presente para o presidente do partido, anunciando que “no último mês mais 254 pessoas resolveram juntar-se ao PSD Penafiel” como militantes.
E foi por aí que começou o discurso de Antonino de Sousa, presidente da Câmara de Penafiel que integra a comissão política distrital. Elogiando a conquista de 250 novos militantes, afirmou que as pessoas olham para o PSD de forma diferente porque o novo líder está a devolver a esperança. “Num tempo em que a militância tem sido maltratada e os dirigentes partidários têm sido desconsiderados”, é importante ver pessoas a querer participar activamente na vida do partido, defendeu. “Não é possível democracia sem partidos nem partidos sem militantes”, reforçou ainda.
Antonino de Sousa também não deixou de lembrar que o distrito do Porto tem “uma tradição muito forte de ter uma liderança na distrital, uma voz respeitada nos corredores do poder que se faz ouvir” e disse acreditar que “Sérgio Humberto tem as qualidades e talento para ser a voz do Norte que se vai fazer ouvir em Lisboa junto do poder”.
Distrital quer ter mais cinco mil militantes nos próximos dois anos
“Há 21 anos liderávamos 12 câmaras municipais em 18. Hoje o cenário inverteu-se. O PS lidera 12 câmaras municipais, há uma independente e cinco do PSD. É um caminho das pedras que estamos a trilhar. O nosso primeiro objectivo é ganhar câmaras municipais, juntas de freguesia e membros da assembleia municipal. Não temos medo de dizer isto”, afirmou Sérgio Humberto no início da intervenção.
Mas o presidente da distrital do PSD Porto traçou mais metas. Desde logo aumentar o número de militantes. “O segundo objectivo é ter mais cinco mil militantes nos próximos dois anos, aqueles que perdemos nos últimos quatro anos. Militantes novos, a acrescentar aos que já existem. Penafiel já contribuiu com 5% e agora o distrito do Porto vai contribuir com o restante”, frisou, argumentando que o PSD é o “partido do povo e de todas as classes”.
O líder do PSD Porto elencou depois alguns problemas do distrito, desde logo o caso da TAP, “que não serve o Porto nem o Norte do país”, e do INFARMED, uma palavra “dada e não honrada” por António Costa, já que a estrutura não veio para o Porto. “Portugal tem várias regiões e Portugal não é só Lisboa e tem de ser um todo. E essa voz vai surgir do Norte para que Portugal seja um país uniforme, único e que possibilite a todos os portugueses as mesmas possibilidades”, avançou, falando depois do que diferencia o socialismo da social-democracia.
Questionou ainda se estamos “melhor ou pior” do que há sete anos atrás e culpou António Costa por tudo o que os portugueses estão a passar. “Quando achávamos que tínhamos conhecido o pior ministro de Portugal ainda veio um pior. O José Sócrates à beira do António Costa é um menino, porque este nem ideias tem”, sentenciou.
E foi também de críticas ao Governo liderado por António Costa que se fez o discurso de Luís Montenegro.
“O PS e o Governo andam nervosos. E temos de dizer que têm razões para isso. Estamos mais fortes e eles estão a falhar à confiança que receberam do povo nas últimas legislativas”, relevou o presidente do PSD, acrescentando que as pessoas estão “frustradas, desiludidas e decepcionadas” com o que o PS está a fazer com a maioria absoluta que conquistou.
Falando de um Governo onde “reina a confusão e a descoordenação”, Luís Montenegro deu exemplos, um deles bem próximo. “Na saúde nunca em Portugal o sistema funcionou tão mal, nunca tivemos tantos portugueses sem médicos de família, nunca atingimos, aqui em Penafiel, a ruptura que existe nas urgências do hospital ao mesmo tempo que o hospital em Amarante está por aproveitar, no mesmo centro hospitalar”, criticou.
Argumentou ainda que a preocupação do PS devia ser cumprir a promessa feita em campanha eleitoral sobre a redução do custo das portagens, ao invés de se preocupar com a inflacção no preço. “Ele devia estar apenas preocupado em cumprir a promessa que fez na campanha eleitoral, em 2015, de diminuir em 50% o custo das portagens. Não fizeram isso e agora está preocupado com o aumento das portagens pela via da inflacção”, apontou.
O social-democrata garantiu também que vai à procura de uma maioria absoluta. “Eu quero muito contar convosco e quero, mesmo muito, convosco ir à procura de uma maioria absoluta no parlamento, para termos as condições que nunca tivemos nos últimos anos de governar Portugal, como aquelas que o Partido Socialista tem hoje e que está a desbaratar”, referiu. “António Costa e o Partido Socialista não mereceram a confiança que tiveram”, frisou.