A produção de cebolas sofreu quebras este ano, mas Maria Adelaide Cunha, de Croca, Penafiel, não notou. “Este ano foi um ano muito bom para mim. Foi um ano espectacular de cebolas, na minha produção não houve quebras. Tive 30 toneladas de cebolas e já vendi tudo”, conta.
Foi ela a grande vencedora do concurso das cebolas da Agrival – Feira Agrícola do Vale do Sousa que decorre em Penafiel até domingo. Conquistou o 1.º lugar entre a melhor cebola garrafal, o primeiro prémio na qualidade de campo e o prémio de melhor cabo de cebolas da feira de São Bartolomeu que acontece, hoje, na zona do Sameiro.
“Fiquei muito contente e satisfeita”, afirmou com visível orgulho. “Há 30 anos que produzo cebola. Já os meus pais produziam e eu fiquei no lugar dos meus pais. Não há segredos, é trabalhar e tratar bem para ter boa produção”, atesta Maria Adelaide, com os troféus na mão.
Esta não foi a primeira vez que recebeu prémios. Nos últimos quatro anos já arrecadou vários. “Tenho recebido sempre dois e este ano recebi mais um”, comenta com um sorriso. Isso dá-lhe alento e ânimo para continuar. “Vou continuar e fazer sempre o melhor. A agricultura é uma vida difícil de muito trabalho e sacrifício, mas vale a pena. Agora orgulho-me destes prémios e estou satisfeita porque vendi as cebolas”, assegura a mulher de Croca, que também produz batata e vinho. “Vivi sempre da agricultura. Não dá para a gente se alargar muito, mas dá para ir vivendo”, garante.
Todos os troféus do concurso foram para produtores de Penafiel. O segundo lugar de melhor cebola garrafal foi para Joaquim Costa, de Guilhufe, e o terceiro para Maria Isaura Silva de Milhundos. Vera Rocha, de Lagares, venceu na melhor cebola jovem e Belmiro Rocha, de Guilhufe, na melhor cebola geral.
Menos cebola, mas a mesma qualidade
Este ano o número de expositores que participa na Feira das Cebolas é idêntico ao do ano passado: 40. A grande diferença está na quantidade de cebolas, explica Joaquim Ferreira, Grão-mestre da Confraria do Presunto e da Cebola do Tâmega e Sousa.
“Em termos de produção foi muito menor devido às elevadas temperaturas. Houve alturas em que se atingiram os 45 graus e, nos produtores em que não tinham água para regar de manhã, a cebola não cresceu. Os que tinham água para regar todos os dias de manhã tiveram cebolas saudáveis”, refere. Este ano só estiveram à venda na feira 150 toneladas de cebola, metade do costume.
Além disso, e porque a feira começou mais cedo, alguns produtores já foram para casa porque já tinham vendido tudo.
Se a quantidade baixou, a qualidade mantém-se, garante Joaquim Ferreira. Já o preço aumentou para o dobro, 1,50 euros na cebola branca e ultrapassou os dois euros na vermelha. “Isso não afastou os consumidores. As pessoas que gostam da cebola garrafal vieram comprar e não olharam ao preço”, assegura o grão-mestre.
O trabalho da Confraria, acredita, deverá passar por formar os agricultores: “Temos que sensibilizar os agricultores para corrigirem a acidez da terra e depois termos uma cebola macia. Vamos continuar a apoiá-los para produzirem cada vez mais”, só isso vai aumentar, ainda mais, a qualidade do produto que defendem e dá nome à região.