Em notícia divulgada pelo Verdadeiro Olhar anuncia-se a recuperação do rio Leça em toda a sua extensão, num percurso que não chega aos 50 km e numa bacia hidrográfica que se aproxima dos 150 km2. Os custos ascenderão aos 4 milhões de euros e prevê-se que a obra esteja concluída já em 2023.
A acontecer, tal como é noticiado, trata-se de uma boa nova. Esperada há muito, a recuperação do Leça representará uma mais-valia substancial para a população ribeirinha, sobretudo no que concerne à qualidade da água.
Contudo, se nos apraz receber notícia destas, já nos entristecem a falta de outras.
Os rios Sousa e Ferreira, cujos percursos somados se aproximam dos 100 km, com uma bacia hidrográfica na ordem dos 500 km2 e atravessando uma das zonas de maior densidade populacional do país, continuam à espera, por uma vez e duma vez por todas, de alguém que tome consciência da importância transversal destes cursos de água que, votados ao abandono há décadas, não só se apresentam com níveis proibidos de poluição, mas também, em muitos casos, já se constituem como inaceitáveis focos de insalubridade, exemplos perigosos, não assinalados, para a saúde pública.
À incúria dos poluidores junta-se a insensibilidade ambiental dos governantes e, destes, maiores culpas se devem e podem apontar aos autarcas, já que são eles quem com responsabilidades e maior proximidade permitem estes autênticos crimes ecológicos. Isto quando não são eles mesmos os seus autores, através de serviços que dirigem ou têm obrigação de fiscalizar.
Congratulamo-nos com a salvação do rio Leça, mas condenaremos da mesma forma os que, nas autarquias e principalmente na CIM (Comunidade Intermunicipal), assobiam para o lado, esquecendo-se de que se agora está em causa a despoluição, recuperação e revitalização das margens dos rios Sousa e Ferreira, num futuro próximo a atratividade da região desaparecerá cada vez mais, não havendo projeto económico que sobreviva nem Rota do Românico que subsista e, no limite, até as gentes se cansarão de tanto abandono.
Para além do dinheiro dos contribuintes que gasta como os fidalgos, para que serve, afinal, a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa?