Depois de terem feito o percurso eleitoral e servirem para informar (?) os eleitores soa-me que, num futuro próximo, há assuntos que pelo silêncio que se vai instalar à sua volta, vão parecer nunca ter existido.
Apetece-nos trazer ao texto o caso da fábrica do lixo em Baltar.
Quase nos apetece apostar que, ao contrário do que anunciou, aos seus eleitores em Penafiel e aos eleitores do concelho de Paredes, Antonino de Sousa não vai encerrar o aterro de Rio Mau nos próximos 4 anos.
Não vai e ainda bem que não vai porque se o fizesse a quantidade de resíduos orgânicos, vulgo lixo doméstico, não caberiam na unidade de valorização de resíduos, vulgo fábrica do lixo em Baltar.
Também o presidente da câmara de Lousada, Pedro Machado, não encerrará sua unidade municipal de tratamento, pelo menos enquanto a percentagem de lixo reciclado se mantiver nos valores atuais.
A Penafiel se atribuirão as mesmas dificuldades de Lousada e vice-versa.
Apetece-nos também apostar que o presidente da câmara de Paredes não se atreverá a protocolar nos próximos 4 anos a receção de todo o lixo dos 6 municípios do Vale do Sousa, sobretudo se a capacidade de reciclagem do lixo nos diferentes municípios não aumentar. Ou só o fará se os outros municípios se comprometerem a alterar significativamente a sua capacidade de tratar os lixos.
Ou seja, só quando se cumprirem os mínimos da reciclagem de lixos em causa é que se poderá pensa no seu envio para Baltar. Dito doutra forma: o que sempre esteve em causa nunca foi a possibilidade de instalação de uma fábrica que reaproveitasse os lixos, mas só será possível quando, a montante, alterarem as condições.
É certo que a directiva europeia que entra em vigor em 2023 obriga à alteração da forma de tratamento do lixo e para isso disponibiliza 18.000.000 (dezoito milhões) de euros.
A questão fulcral é, então, esta: se em duas décadas os 6 municípios gastaram os milhões dos fundos comunitários para a sensibilização ambiental e não conseguiram reciclar sequer 20% do lixo que recolhem, como poderão em pouco mais de um ano preencher as metas exigidas pela directiva europeia a que agora estão obrigados?
Ou faremos tudo, de novo, à boa maneira portuguesa: primeiro gastamos o dinheiro da EU e só depois vamos pensar no cumprimento da norma?
Como se vê são ainda muitos os passos a dar e o tempo é curto. Não podemos prevaricar sob pena de gastar o dinheiro, não resolver o problema e, por fim, teríamos ainda de devolver o dinheiro.
Vai uma aposta?
E o nosso pessimismo é tão grande quanto o silêncio depois das eleições. É que nem sequer se avançou, por exemplo, com outro tipo de recolha ou com um cartão que beneficie quem mais reciclar.