O humanismo da esquerda, a preocupação com as questões sociais, os valores da igualdade e da fraternidade. Estes são elementos fulcrais numa retórica de autoelogio sobre uma superioridade moral da esquerda que a história não sustenta. Contraria!
Na realidade, são valores a que todas as pessoas boas aspiram, independentemente da ideologia. Mas porque profundamente doutrinada e hoje com um domínio quase hegemónico na opinião dos Órgãos de Comunicação Social (OCS), as técnicas de propaganda começam a querer legitimar o que é pouco legítimo, por vezes até com apoios inesperados.
No entanto, hoje como nos tempos da revolução bolchevique, honestidade intelectual e esquerda continuam a não combinar. Um belo exemplo foi plasmado nos OCS, esta semana: “O mercado de língua portuguesa” é uma alternativa para os professores portugueses; o mercado de língua portuguesa é “uma oportunidade de trabalho”.
Ambas dizem o mesmo, mas a segunda foi proferida por Pedro Passos Coelho há cinco anos e ainda hoje é criticada; a primeira proferiu-a António Costa, há dias, em Paris, e a doutrina opinativa dos OCS quer branqueá-la como algo completamente diferente. Não é. É óbvio que só alguém com limitações ou de má-fé promove as diferenças no discurso. Mas infelizmente, quer um quer outro género abundam entre nós, os últimos bem mais perigosos e muito perto do poder…
E digo isto, porque quem se junta aos radicais acaba por ser como eles. E vemos isso quase todos os dias, assumindo a forma mais descaradamente ideológica no presente debate sobre escola pública e escola privada. Ninguém questiona o argumentário socialista, mas é apenas isso mesmo e não argumentação.
Esta questão (e os transportes) surge desta forma apenas para pagar o funcionamento da “geringonça” ao Partido Comunista, alimentando-lhe o braço armado dos sindicatos. Só isso, mas a opinião doutrinada dos OCS tenta a todo transe colocar o discurso no plano dos princípios.
A forma correta tratar este assunto é levantar a questão, discuti-la com todos os agentes interessados e procurar uma solução consensual. Não é chegar ao Google Maps e cortar cegamente sem aviso prévio. É mal feito e os principais prejudicados – para além do contribuinte, claro – são os alunos.
Mais, este Governo com maleável coluna vertebral, porque ao sabor de ventos e marés e promotor de gincanas, também já quer reverter promessas eleitorais no setor das águas, mas sobre esse assunto se falará mais a jusante.
Quanto a apoios inesperados, até concordo que o Presidente da República, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, deva apelar a consensos. No fundo, a sua grande preocupação deve ser com o bem maior da nação.
Mas os radicais de esquerda e o bem maior da nação não são compatíveis. Este Governo está a aplicar a receita antiga que nos levou a três resgates, mas espera desta vez resultados diferentes. Onde já vimos isto está reputação da história.