Mais uma vez, os habitantes da aldeia de Figueira, em Penafiel, vão dar corpo a uma encenação que conta a viagem que os reis magos fizeram a Belém para visitar Jesus. Este fim-de-semana, 75 pessoas de todas as idades – desde um bebé de colo a pessoas com mais de 60 anos – vão voltar a dar corpo a figuras bíblicas para contar esta história em que o canto é presença assídua.

O “Auto dos Reis Magos” integra a iniciativa “Há Festa na Aldeia”, promovida pela ADER-SOUSA, Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa, em parceria com a Câmara Municipal de Penafiel e a Junta de Freguesia de Lagares e Figueira. Além da encenação, quem visitar Figueira vai encontrar uma feira com produtos locais, artesanato, iguarias tradicionais e música tradicional portuguesa.

 

Um espectáculo da comunidade para a comunidade

Nas últimas semanas, os 75 actores que, este sábado e domingo, vão interpretar, por duas vezes, o Auto dos Reis Magos, têm ensaiado diariamente, sempre à noite, depois do trabalho.

Um esforço que, o encenador, Pedro Soares, diz estar a dar frutos. “Este é um espectáculo da comunidade para a comunidade. Os reis ainda são os de Figueira, mas temos procurado dar modernidade a esta peça tradicional, sem perder a sua identidade”, explica. “No fundo estamos a polir o espectáculo para que as pessoas se emocionem e para surpreender. E os habitantes estão entusiasmados”, garante o encenador. Prova disso, é que actores que um dia foram o menino Jesus continuam, já adultos, a entrar na peça, e outros continuam a trabalhar nos bastidores, apesar de já não assumirem papéis de destaque.

Segundo Pedro Soares, tem sido um trabalho “desafiante e gratificante” apesar das dificuldades logísticas e de gestão que um grupo tão grande envolve. Este ano, uma das novidades é a participação do director musical, João de Guimarães, que ajudou a trabalhar muitas das cantigas entoadas. “Muitos dos diálogos do Auto são cantados”, lembra o encenador.

Auto dos Reis Magos em 2015

Objectivo é incutir dinâmica na aldeia e preservar tradições

A tradição de encenar o Auto dos Reis Magos já faz parte da identidade da aldeia de Figueira, que pertence à rede “Aldeias de Portugal”, uma rede que promove o património rural, valorizando as tradições das suas gentes, cultura, usos e costumes. Nos últimos anos, várias foram as entidades que se juntaram para não deixar morrer esta tradição. Entre elas a ADER-SOUSA, Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa, que integrou Figueira no projecto “Há Festas na Aldeia”.

Também a Câmara Municipal de Penafiel tem apoiado a iniciativa, que se realiza de dois em dois anos. O objectivo, diz a vice-presidente da autarquia, “é incutir dinâmica na aldeia e recuperar tradições e passá-las aos mais novos”. “Toda a gente vê a iniciativa como muito importante para a terra e tem um grande gosto no Auto”, explica Susana Oliveira. “Sem este envolvimento das pessoas não seria possível” levar esta peça a cena, destaca a autarca.

O Auto dos Reis pretende ser um dos focos de atracção a esta aldeia e este envolvimento da população é o início de um trabalho que no futuro pode levar a uma recuperação mais material, acredita a vice-presidente. De forma diferente, pode ser replicado em Figueira o sucesso obtido em Quintandona, diz: “Desde que as pessoas o queiram pode ser conseguido, à sua escala e de acordo com as suas características, que são diferentes de Quintandona”.

 

Auto é levado a cena no sábado e no domingo

O Há Festa na Aldeia inclui, além desta encenação, caminhadas à descoberta do património, gastronomia, artesanato e música regionais.

O Auto dos Reis Magos será levado a cena nas ruas de Figueira no dia 7, pelas 21h00, e 8, pelas 14h30. Nos dois dias a feira arranca pelas 12h00, havendo durante a tarde animação de rua e música tradicional portuguesa.

A encenação retrata a viagem dos Reis Magos, em viagem a Belém para visitar Jesus, com os 75 moradores a dar corpo a várias figuras bíblicas. No percurso, perdidos, encontram o castelo do Rei Herodes, a quem prometem contar no regresso a visita a Jesus. A peça termina com todos a cantar, junto ao presépio.