Os cerca de 65 funcionários da Fielcon – Indústria de Vestuário, unidade de produção de camisas do Grupo Ricon, situada nas Termas de São Vicente, em Penafiel, receberam também as cartas de despedimento que definiram esta terça-feira, dia 30, como o último dia de funcionamento da empresa.
A grande maioria das trabalhadoras e trabalhadores apresentaram-se, hoje, nas instalações, mas não houve laboração.
Apesar de já estarem a par do processo de insolvência da empresa, as funcionárias não escondem que foi um choque quando ontem começaram a receber as cartas que davam conta da cessação do contrato já a partir desta terça-feira.
Por pagar está o último mês de salário e parte do subsídio de Natal.
“Isto foi um choque para todos”, dizem trabalhadores
“Já sabíamos que a empresa estava com dificuldades desde o dia 4 de Dezembro, quando nos disseram que iam avançar para o processo de insolvência. Mas não estávamos a contar ser despedidos assim de repente”, confessa Maria Santos. Os funcionários, refere, estavam expectantes em relação à assembleia de credores, a realizar no próximo dia 1 de Fevereiro. “Ainda existia uma réstia de esperança, mas agora acabou de vez”, confessa a trabalhadora.
A empresa, que ultimamente produzia para as marcas Gant e Max Mara, não tinha falta de trabalho, garantem os trabalhadores, todos de freguesias de Penafiel, como Termas de São Vicente, Rio de Moinhos, Canelas e Valpedre. “Não tínhamos falta de encomendas e ainda temos trabalhos para acabar”, refere uma funcionária.
A Fielcon instalou-se ali há cerca de cinco anos, depois da insolvência da empresa anterior. Pelas instalações já passaram várias administrações e há pessoas que trabalham ali há mais de 30 anos. Em muitos dos casos o ordenado dali retirado era o único que entrava em casa dos agregados familiares, adianta Maria Santos.
“Isto foi um choque para todos. Estarmos a trabalhar e ao mesmo tempo a receber uma carta de despedimento foi muito complicado”, afirma outra trabalhadora que preferiu não se identificar. Esta segunda-feira à tarde a fábrica já não laborou e as funcionárias reuniram com um advogado para perceberem como proceder.
Durante a noite, um dos trabalhadores permaneceu nas instalações com receio de que avançassem para a retirada dos equipamentos. Esta terça-feira, a maioria compareceu na empresa mas não estavam a trabalhar.
Recorde-se que os quase 800 trabalhadores do grupo têxtil Ricon, de Vila Nova de Famalicão, começaram a receber, esta segunda-feira, as cartas que davam conhecimento da cessação dos respectivos contratos de trabalho, depois de o grupo ter avançado para a insolvência. Com essa medida, dava-se início ao encerramento das fábricas e das 20 lojas da Gant em Portugal. As primeiras assembleias de credores já foram realizadas e os credores da Nevag SGPS, da Nevag II SGPS e da Ricon Serviços votaram por unanimidade o encerramento e liquidação dos activos destas empresas. Para esta quarta e quinta-feira estão agendadas as assembleias de credores da Ricon Industrial, da Delveste, da Fielcon, da Delos e da Ricon Imobiliária.
À saída das primeiras assembleias de credores, o administrador de insolvência da Ricon disse à comunicação social que as próximas 24 horas vão determinar o futuro das fábricas e dos trabalhadores. Segundo Pedro Pidwell, estão a decorrer contactos com investidores para “salvar as empresas operacionais”, ou seja, as quatro fábricas do grupo. “Vamos ver o que é que as assembleias nos reservam, enquanto há vida há esperança”, disse.