Afinal o plano B está a resultar e já é debatido e copiado para além das nossas fronteiras. O acordo parlamentar de união da esquerda, protagonizado pelo PS, foi o maior acontecimento político de 2015 em Portugal e na Península Ibérica. Na data em que escrevo estas letras, o PP ganhou as eleições em Espanha mas não cantou vitória. Muito provavelmente também não vai governar. Está aberto o caminho para mais um governo de coligação. O bipartidarismo na Península Ibérica acabou. Esta é uma revolução que só acontece de 40 em 40 anos. Vivemos um novo PREC quiçá mais moderado mas muito mais abrangente. Nos próximos dias veremos se o contágio resultou. Em Portugal, apesar das dificuldades, esperadas e inesperadas, António Costa tem liderado a “força”. Recordando outros tempos, é caso para repetir “a força está contigo camarada Costa”. E ele aí vai, contornando os obstáculos, passando por cima dos escolhos, afastando empecilhos e vozes agoirentas. Já mostrou ser diferente. Todos são chamados a participar nas decisões, amigos e adversários. O governo tem que governar mas não tem que ser autista. Até o José Gomes Ferreira já diz que “este governo faz o seu trabalho, o anterior é que não o fez”. Disse isto a propósito do BANIF. Contrariando a mensagem que o PSD propalou durante a campanha, “nada será como dantes”, pois ainda bem. Para fazer melhor tinha que ser diferente. Melhor para quem? Para a maioria dos portugueses. Afinal quem votou na PáF não foi a maioria porque a maioria votou nos outros. Não sei se já equacionaram o quanto foram iludidos com as mensagens fartamente repetidas pelos mesmos de sempre. Os cofres estavam cheios, diziam à boca cheia. Hoje sabemos que sim os cofres e os gabinetes do poder estavam cheios de problemas, de falsas promessas de recuperação económica, de batota nas estatísticas, de problemas bancários escondidos, de dinheiro hipotecado. Foi preciso vencer a inércia, inovar, quebrar tradições, repor a ordem institucional para se dar corpo a uma mudança que poderá ser considerada uma nova revolução. Mudaram-se vontades, mudam-se métodos e estruturas, revertem-se decisões internas, reassume-se a confiança no Estado e assume-se a continuação dos compromissos externos. Tanta coisa ao mesmo tempo parece-nos a todos demasiado. Mas a resultar, é de Homem como diz o povo. Mas é de todos os homens e mulheres de boa vontade e perseverança que não se deixaram seduzir pelo canto da sereia. Teremos que esperar mais algum tempo. Para se sentir a evidência da mudança é preciso dar tempo para a sua consolidação. Um ano? Dois? Toda a legislatura? Um facto é certo — o ano de 2016 será certamente diferente. Ainda há muitas dúvidas mas a esperança já se sente no ar. E porque estamos no Natal, acreditemos na verdade e na transparência do que se vê e que sejam perdoados aqueles que não sabem o que dizem e que falam do que não vêem.
Para todos os que me dão o prazer de ser lido envio os meus Votos de um Natal Feliz e de um Ano 2016 realmente novo, diferente e mais próspero do que o anterior.