Começa, esta sexta-feira, a XI edição da Festa do Caldo de Quintandona, na freguesia de Lagares, em Penafiel. O festival conta com uma programação variada (música, teatro dança entre outras actividades) e decorre numa aldeia rural, ponto de referência para muitos visitantes e emigrantes que aproveitam, esta altura do ano, para visitar a Festa do Caldo que, todos os anos, é posta de pé com a ajuda de dezenas de voluntários.
Maria Rosalina, da freguesia de Lagares, é uma das 200 voluntárias que, durante os três dias, vai colaborar no evento e trabalhar numa das duas cozinhas que são montadas no local.
Ao Verdadeiro Olhar, Maria Rosalina adiantou que esta é uma experiência única, a azáfama é uma constante e que não há mãos a medir para responder às muitas solicitações.
“São três dias de grande azáfama, mas faço isto porque gosto. Durante o festival ajudo na cozinha, fazemos o caldo à Quintandona, um dos pratos mais procurados, mas temos outras iguarias como a feijoada, o arroz, o cozido, porco no espeto, vitela grelhada”, disse, salientando que apesar do cansaço, trabalha em prol de uma causa.
Leontina Moreira, de Lagares, voluntária, também na cozinha, revelou que está no Caldo de Quintandona desde que o evento iniciou.
“Gosto de cozinhar, do forno, das panelas de ferro, e da azáfama. São dias verdadeiramente únicos, um vaivém constante, mas estamos aqui para dar o nosso melhor e este evento é uma mais-valia para a freguesia e para o concelho”, expressou, reconhecendo que existe sempre algum sacrifico da sua vida pessoal e familiar.
“Deixamos o trabalho e família, mas quem corre por gosto não cansa”, asseverou.
Voluntários são “imprescindíveis”. Sem eles o festival não se fazia
Ricardo Lobo, um dos responsáveis pela programação cultural do evento, reconhece que o festival é hoje uma referência na região e no país devido, também, ao trabalho dos mais de 200 voluntários que colaboram na organização e na planificação dos eventos que durante três dias vão animar Quintandona.
Os voluntários são imprescindíveis ao bom funcionamento do evento, colaborando na planificação de todas as actividades, na ajuda à Associação para o Desenvolvimento de Lagares, no apoio aos artistas, na cozinha na bilheteira e acompanhando os grupos como guias, explicou.
“Os voluntários são um elo importante em toda a logística. Sem eles o festival não se fazia. Há voluntários que trabalham a semana inteira, há voluntários que fazem turnos de quatro, cinco e seis horas”, disse, recordando que a logística é imensa e todo o apoio é bem-vindo.
“A logística é bastante complexa e esse é um dos pontos que mais nos tem preocupado. A questão monetária, a organização tem conseguido contorná-la, se percebermos que não dispomos de orçamento para 40 bandas, fazemos o evento com 30, agora, sem pessoas e o apoio dos voluntários tudo se torna mais difícil”, adiantou.
Ricardo Lobo revelou que apesar da organização ser uma estrutura amadora, funciona e, é vista em muitos aspectos, como uma estrutura profissional.
A este propósito, avançou que nada é deixado ao acaso, todos os eventos e actividades que vão acontecendo durante os três dias, são antecipadamente programados e planificados, com os voluntários a terem missões e tarefas específicas.
Falando da programação cultural, Ricardo Lobo esclareceu que existe uma pessoa, que é, também, voluntária, que um mês antes do início do evento é responsável pela planificação das bandas, contactos com artistas e pela planificação dos concertos, a chegada dos grupos, a actuação das bandas, a alimentação, entre outras tarefas.
“Quintandona não se resume a estes três dias da festa do Caldo”
Referindo-se ao perfil e faixa etária dos voluntários, Ricardo Lobo realçou que estes vão dos jovens com 18 anos, que acompanham as bandas e são responsáveis por toda a actividade referente aos espectáculos, até aos voluntários, com mais de 60 anos, que passam os três dias a descascar batatas e a trabalhar nas duas cozinhas do evento.
Em termos culturais, a edição deste ano vai manter o figurino das anteriores, inicia com um despique das bandas de música de Lagares e Rio Mau, integra música tradicional portuguesa num registo mais folk, com muitas influências do nordeste transmontano, do Minho e da Galiza, uma aposta na viola amarantina, com a presença de dois espectáculos com dois grupos com forte incidência na viola amarantina. A Festa do Caldo de Quintandona integra, também, grupos etnográficos, teatro de rua, fantoches, espectáculos direccionados para os mais novos, grupo de bombos, gaitas de foles e percussão.
“O festival é já uma aposta ganha. Não será só pelos 15 mil visitantes que temos tidos nas últimas edições. Quintandona não se resume a estes três dias da festa do Caldo. Quintandona está referenciada nas Aldeias de Portugal e tem vitalidade cultural. Tem uma programação 365 dias por ano e isso deve-se muito aos habitantes porque são quem cá está todos os dias”, avançou.
Ricardo Lobo reconheceu que a organização do evento exige já um esforço financeiro significativo, sendo que além do apoio da câmara municipal, a estrutura organizadora dispõe, também, de alguns recursos próprios.
“Se tivermos um dia mau, com condições climatéricas adversas, a coisa aperta porque contamos com o dinheiro que fazemos na bilheteira. A bilheteira costuma pagar a programação, ou seja, se não tivermos uma boa bilheteira o pagamento da programação fica em risco”, confessou.
“Estou expectante que vamos bater o recorde em termos de público registado no ano passado”
O presidente da Associação para o Desenvolvimento de Lagares, Belmiro Barbosa, assume que a Festa do Caldo de Quintandona é uma referência não apenas a nível nacional como a nível internacional.
“Penso que a edição deste ano irá ser um sucesso e estou expectante que vamos bater o recorde em termos de público registado no ano passado”, afiançou, recordando que existem inúmeros emigrantes que aproveitam esta altura para degustar as inúmeras iguarias e aproveitar os mais de 40 concertos que vão decorrer nos três dias.
Segundo o presidente da Associação para o Desenvolvimento de Lagares, a edição vai contar com a presença de 64 expositores.
“Verifico que há muitos expositores que todos os anos querem estar na festa, querem trazer produtos que não são tradicionais, mas a organização optou por privilegiar os produtos tradicionais. Este evento tem como o intuito preservar as tradições culturais, gastronómicas e musicais”, manifestou.
A entrada para o recinto custa dois euros no dia 15 e dois euros e meio nos dias 16 e 17, com opção de passe para os três dias por seis euros.
O acesso ao parque de campismo com chuveiros de água quente e aos 18 parques de estacionamento são gratuitos.
CARTAZ 2017
Sexta-feira | 15 Setembro
Música Banda Musical de Lagares | Banda Musical de Rio de Moinhos | Ronda da Madrugada| Zingamocho | Zanganitos | Bizarma | Eduardo Costa/Viola Amarntina | Gaiteirinho / Chega na Hora.
Teatro Canários de Balselhas | comoDEantes.
Pelas Ruas & Workshops Gaitas Daninhas | comoDEantes | Bandalhada.
Sábado | 16 Setembro
Música Torga | Diabo a Sete | Enraizarte | Canários de Balselhas | Orquestra de Foles | Tordilhoes | Chulada da Ponte Velha | Cavaquinhos de Lagares | Alma Menor | Senhor Camaleão | Barruma | Bugalhos | Gira Discos – Paulo Meirinhos | Gaiteirinho / Chega na Hora.
Teatro Arco Iris dos Contos | Robertos | Plutão Camaleão | Grupo Teatro GJNE Sobreira.
Pelas Ruas & Wokshops Gaitas Daninhas | comoDEantes | Postas de Bacalhau | Conect art | Bandalhada | Caretos de Vila Boa | Zés Pereiras de S. Julião, Recarei e Fonte Arcada | Scuola Mirandesa de l Porto.
Domingo | 17 Setembro
Música | Grupos Folclórico de Ordins e Livramento | Propagode | Recanto | Ferreirinhas | Cavaquinhos de Lagares | Cantar é Viver | Cristina de Sousa Fado | Carlos Batista | Eiró | Mauro Passos.
Teatro | Robertos | Hora do Conto | Grupo de Teatro Juvenil GJNE Sobreira | Amigo Pedro e a Criançada.
Pelas Ruas & Workshops | Gaitas Daninhas | comoDEantes | Bandalhada | Conectarte | Caretos de Vila Boa | Monumental Corrida de Porcos.