198 pessoas com problemas de dependência do concelho de Paredes estão a ser acompanhadas por técnicos da área da psicologia e do apoio social, no âmbito do “Arrisca-te ao sucesso”, Programa de Respostas Integradas de Paredes. Este projecto conta com a participação do Centro de Respostas integradas (CRI) Porto Oriental (Unidade de Intervenção Local da Administração Regional de Saúde do Norte), mas só se tornou possível com a intervenção da Câmara Municipal de Paredes e da Associação Paredes Pela Inclusão Social (APPIS).
Ao VERDADEIRO OLHAR, Jorge Barbosa, do CRI, revela que os principais problemas em Paredes estão relacionados com o consumo de álcool, mas há novas realidades a merecer preocupação. A compra de ‘raspadinhas’ e a realização de chamadas telefónicas de valor acrescentado para programas de televisão são situações de dependência que, cada vez mais, são constatadas pelos técnicos.
Câmara paga transporte de utentes para os Centros de Respostas Integradas
Os dados foram anunciados na última terça-feira, durante uma reunião do Conselho Local de Acção Social. Nessa altura, os seis técnicos revelaram que há 100 pessoas em tratamento, enquanto outras 30 estão em processo de reinserção. Mais 30 utentes estão, actualmente, abstinentes. Todos estão a ser acompanhados no âmbito do “Arrisca-te ao sucesso”, Programa de Respostas Integradas de Paredes que surgiu para fazer face à inexistência de estruturas físicas em Paredes direccionadas para o tratamento de dependências. “Há 20 anos que se fala na necessidade de criar uma resposta para estes problemas, mas por dificuldades várias nunca se concretizou”, afirmou Jorge Barbosa.
Deste modo, foi a autarquia que, com o apoio da APPIS, instituiu um programa que, através de seis técnicos da área da psicologia e do apoio social, sinaliza, acompanha e encaminha para as estruturas do CRI, uma das quais situada em Paços de Ferreira, os utentes com dependências. Câmara Municipal e APPIS suportam os custos com o transporte dos utentes para os CRI e disponibilizam, igualmente, meios técnicos. “Paredes é um exemplo a nível nacional”, elogiou Jorge Barbosa. “Este é o tipo de investimento que não é visível, mas se não o fizermos há, no mínimo, 200 pessoas que ficam sem resposta”, afirmou, por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Paredes. Celso Ferreira defendeu, também, que “não há autarca que goste de dar a cara quando os números não são positivos”, mas que esta é a única forma de resolver os problemas. “Os recursos afectos à exclusão social estão cada vez mais afastados das agendas políticas”, acrescentou.
´Raspadinhas´ e chamadas telefónicas de valor acrescentado são os novos vícios
Ao VERDADEIRO OLHAR, Jorge Barbosa declara que os utentes de Paredes são “doentes com particularidades muito próprias e que precisam de um acompanhamento estruturado”. Estão também, disse, divididos em quatro grupos relacionados com vítimas de violência doméstica, consumidores de substâncias ilícitas, indivíduos com problemas de álcool e jovens e famílias problemáticos. “O maior problema é o álcool e os jovens consumidores de cannabis”, assume Jorge Barbosa. Mas este técnico refere que há novas realidades a merecer atenção. “Nas famílias beneficiárias do Rendimento Social de Inserção há uma dependência das ‘raspadinhas’ e das chamadas telefónicas de valor acrescentado feitas para programas de televisão. Não temos dados, mas começam a aparecer várias situações”, refere.