“Alguém sabe o que é o bullying?”, perguntou Fábio Rocha, um dos protagonistas do projecto “Deixa o Bullying Só, que vai percorrer as escolas do país. “É quando alguém chama nomes e bate nos mais pequenos, ou goza connosco só porque somos diferentes”, responderam os cerca de 200 alunos do centro escolar de Mouriz que assistiram, esta quarta-feira, à última sessão da acção de sensibilização realizada no concelho de Paredes.
Antes o projecto passou pelos centros escolares de Bitarães, Paredes, Rebordosa, Recarei, Sobreira e Vilela, numa iniciativa promovida pelo CLDS 3G Horizontes de Inclusão. No total, cerca de 15.000 alunos do 1.º ciclo de Paredes participaram na iniciativa.
Meninos dizem “não” ao bullying
“Deixa o Bullying Só” é o nome do projecto pedagógico de sensibilização e de prevenção do bullying nas escolas. Tem como protagonista o músico João Só, que interpreta canções baseadas nas quatro histórias de banda desenhada patentes no livro desenvolvido em parceria com a empresa Betweien. Nele são contadas quatro histórias, em perspectivas diferentes: a da vítima, a do agressor, a das testemunhas e a perspectiva do cyberbullying. As crianças podem ainda dar um novo rumo à história, preenchendo os balões que mudam o comportamento das personagens.
Durante as sessões, há tempo para música e para contar a história de um menino caladinho a quem os colegas batem e roubam a sandes e o sumo. “Está certo”?, Fábio Rocha. A resposta é um sonoro “não!”. “Às vezes os maus-tratos parecem uma brincadeira mas deixam marca. Põem as pessoas tristes”, explica.
E a Mariana, a Rafaela, a Leonor e a Catarina, todas do 2.º ano, parecem ter aprendido a lição. “Aprendi que não se deve fazer mal aos outros meninos, nem dizer coisas feias ou bater”, diz a Mariana. “Já me chamaram nomes”, confessa a pequena Leonor. A atitude a tomar foi chamar a funcionária da escola.
A coordenadora do centro escolar de Mouriz admite que cada vez mais o bullying é alvo de debate. “As crianças falam mais sobre o tema e os pais também. Mas felizmente não temos tido casos graves”, salienta.
“Esta realidade afecta o concelho e é uma problemática que cada vez mais se manifesta. Houve escolas que se empenharam bastante e trabalharam as histórias com os meninos. Muitos sabiam as letras de cor”, conta Ana Margarida, do CLDS 3G Horizontes de Inclusão. “A mensagem é que é preciso trabalhar com a vítima, mas também com o agressor”, explica.
Já o cantor João Só descreve esta como uma “experiência gratificante”. “É interessante ver a consciência que os meninos têm em relação ao bullying. Muitos já sabem o que é e já o sentiram”, conta. Pôr o tema em canções não o torna mais leve, garante o músico, mas ajuda a passar a mensagem.
O projecto “Deixa o Bullying Só” vai agora andar por várias escolas do país, com esta espécie de brigada “anti-bullying”.