Em 10 anos, Paredes investiu 50 milhões de euros na construção de 15 novas escolas, revolucionando o panorama educativo do concelho. Mais que construir edifícios, a autarquia acredita que a verdadeira revolução passou pelo envolvimento de todos num projecto que permitiu alcançar bons resultados em termos de abandono e insucesso escolar.

Agora, na altura em que se assinalam os 10 anos da Carta Educativa de Paredes, o executivo da Câmara defende que é preciso continuar a preparar o futuro com a mesma ambição.

 

“Construir os edifícios foi o mais fácil. É preciso motivar a comunidade e a escola para que esses edifícios façam a diferença no ensino e na aprendizagem”

A 30 de Junho de 2006 decorria a Assembleia Municipal onde foi aprovada a Carta Educativa de Paredes. Uma sessão longa que acabou com o documento a ser aprovado, depois de ter sido aprovado, por unanimidade, em reunião de câmara.

10 anos depois, foi realizada, na Casa da Cultura de Paredes, uma sessão de encerramento da comemoração dos 10 anos deste documento, não para lembrar o passado, mas para pensar o futuro, defenderam os autarcas presentes.

“Construir os edifícios foi o mais fácil. É preciso motivar a comunidade e a escola para que esses edifícios façam a diferença no ensino e na aprendizagem”, salientou a actual vereadora da Educação, Hermínia Moreira. Já o vereador da Educação da altura, e agora vice-presidente da Câmara Municipal de Paredes, Pedro Mendes, lembrou que feito o diagnóstico do concelho definiram a Educação como prioridade e iniciaram um projecto político que queria “fazer a diferença”.

 

“Temos que pensar que escola é que queremos no futuro. E que Câmara queremos no futuro”

Chegar à versão final da Carta Educativa foi um processo longo, que contou com o contributo de muitos, referiu Celso Ferreira, agradecendo a todos os autarcas que viabilizaram o documento.

Mais que falar de história, o presidente da Câmara Municipal de Paredes acredita que o importante é falar do futuro. “Temos que pensar que escola é que queremos no futuro. E que Câmara queremos no futuro”, disse o autarca, frisando que a ambição tem que continuar. “O Centro Escolar de Baltar será a última escola a abrir, no início do próximo ano lectivo. E depois?”, questionou Celso Ferreira, afirmando que é preciso valorizar as actividades extra curriculares e a relação da escola com a comunidade e as empresas. “Devem exigir à próxima Câmara que seja tão inovadora como nós. Está provado que as escolas que têm projectos e actividades com a comunidade têm melhores resultados”, acrescentou.

“A expectativa que tenho é que daqui a 10 anos estejamos ao nível das melhores comunidades educadoras do mundo”, conclui Celso Ferreira.

“O desafio mais importante vai começar. Construímos o hardware, agora é preciso trabalhar no software”

A sessão contou ainda com a presença de José Matias Alves, da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. “O desafio mais importante vai começar. Construímos o hardware, agora é preciso trabalhar no software”, salientou o docente.

José Matias Alves defendeu a necessidade da criação de um Plano Estratégico Educativo Municipal que consiga gerir vontades e criar convergências, assim como apostar numa acção educativa descentralizada e autónoma.

“Há 10 anos houve a decisão histórica de inscrever a educação na agenda, potenciando melhores resultados e aprendizagens”, mas agora é preciso continuar a criar o futuro, referiu.

Já Marina Canals, secretária geral da Associação Internacional das Cidades Educadoras, da qual Paredes faz parte, falou da forma como a Carta Educativa foi elaborada, com diálogo e auscultação dos envolvidos, e que são elementos-chave para a construção de uma cidade educadora. Além de haver escolas novas, os processos imateriais também foram alterados, com Paredes a comprometer-se na construção de uma escola de qualidade e proximidade, afirmou. Marina Canals acredita que a escola pode ajudar a diminuir as diferenças entre classes sociais e que imaginar que a educação se limita à escola é um erro. “É preciso mobilizar muita gente” e muitas entidades, defendeu, referindo que a forte aposta na educação do concelho de Paredes e vários dos seus projectos têm servido de inspiração a muitas cidades, por todo o mundo.

Depois desta cerimónia protocolar foi ainda inaugurado um marco alusivo aos 10 anos da Carta Educativa, na Zona Escolar de Paredes, que tem inscritos os nomes de muitos dos que contribuíram para este processo.

 

*Notícia alterada a 7 de Julho, com a correcção sobre a aprovação por unanimidade do documento, que não aconteceu na Assembleia Municipal mas em reunião de câmara.