Rui Rio e Santana Lopes, pretendiam nesta contenda eleitoral, criar as bases sólidas por forma a permitir catapultar o partido e levá-lo às eleições do próximo ano (legislativas de 2019) em condições de as disputar com o actual Primeiro-ministro e Secretário-geral do PS António Costa.
As eleições decorreram e o vencedor foi o ex-presidente da CM Porto, Rui Rio.
Poucos esperavam porventura a réplica dada pelo ex provedor da Santa Casa Misericórdia de Lisboa, ex-autarca da Figueira da Foz e de Lisboa e também Ex Primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, mas este não só deu luta como teve um resultado honroso e que deixa leituras óbvias no seio do PSD.
Santana Lopes, demonstrou com tal resultado eleitoral, que é um politico com muitas vidas, aliás, este “enfant terrible” do PPD/PSD como gosta de dizer, já conheceu na sua longa vida politica mais derrotas que vitórias, mas como o próprio diz, está aí para lutar por aquilo em que acredita e a fazer politica activa, como fez questão de reiterar no dia das eleições directas do seu PPD/PSD.
Já Rui Rio, vencedor destas eleições, deixou alguns recados internos, e nesse particular temos que enaltecer a sua coerência, porquanto não só durante as eleições internas, como no final das mesmas disse algo que muitos pensam, mas poucos dizem, designadamente referindo que os partidos, e no caso “O PSD não foi fundado para ser um clube de amigos ou uma agremiação de interesses individuais”.
Este recado dado internamente, antevê mudanças profundas e o corte de muito do status quo existente no seio do PSD, que aliás, é transversal a todos os partidos que conhecem lideranças duradouras, como foi o caso de tantos anos que este PSD teve como líder, Passos Coelho.
E o resultado (previsível) destas eleições directas, demonstrou que desta vez ganhou uma eleição interna de um partido, aquele que menos apoio da máquina partidária tinha, o que denota uma inversão do paradigma, pois muitas vezes, nos partidos ganha quem controla a máquina e não quem granjeia de mais apoio e notoriedade na sociedade.
Analisando um pouco algumas “guerras” que Rui Rio comprou enquanto autarca do Porto, será curioso assistir ao que poderá fazer na direcção política do PSD.
Na vida pública e política, há algo que todos devemos escrupulosamente seguir:
Nada de nos inebriarmos com o poder, que é efémero, e acima de tudo tentarmos ser melhores, ressalvadas sempre as naturais conjunturas do momento, que por vezes, dificultam essa optimização do nosso desempenho.
Concretizando, a mudança de líder no PSD de pouco ou nada em teoria, importará aos demais partidos, mas deve acima de tudo ser encarada como uma mudança de ciclo, que por si só trará algo de novo: para melhor ou pior o futuro o dirá.
Todavia, as conjunturas ou leituras políticas de ocasião de nada servem, num mundo tão volátil e em constante mutação como é a actividade político-partidária.
Choca pois ouvir, algumas leituras a antever resultados e fins de vida ou inícios de vida politica para uns e outros, quando a realidade das coisas e do mundo é outra.
Temos um exemplo bem aqui ao nosso lado, na vizinha Espanha, onde o actual Chefe do Governo Mariano Rajoy, foi três vezes consecutivas candidato à presidência do governo, tendo sido derrotado duas vezes pelo socialista Rodriguez Zapatero, vencendo apenas à terceira o sucessor de Zapatero, o também socialista Pérez Rubalcaba.
Em teoria, o que aconteceu em Espanha era uma hipótese meramente académica, mas que acabou por ser bem real.
Veja-se em Portugal, a inesperada derrota nas eleições legislativas de 2015 do PS e de António Costa, para a esmagadora maioria das pessoas, o actual líder do PS e Primeiro ministro estaria “morto politicamente” no dia dessas eleições.
Pois bem, veja-se o que aconteceu de seguida, a história que foi construída com a formação de uma solução governativa inédita, com resultados que nos enchem de orgulho e satisfação.
Hoje, o que fizemos em Portugal está a ser utilizado como um excelente exemplo a nível internacional, muito graças à mestria, inteligência, capacidade de diálogo e de negociação de António Costa.
O que se espera é que as oposições façam o seu papel de fiscalização da actividade governativa, pois quanto mais exigentes e firmes forem as oposições, melhores são os governos.
Em suma, se cada um cumprir a sua missão, quem ganha são os destinatários da actividade política: as pessoas!