A Câmara de Valongo levou a reunião de executivo a ratificação das medidas excepcionais e temporárias de apoio à população, associações, instituições particulares de solidariedade social e empresas, onde se inclui o assumir do aumento da factura de água e saneamento em 2021 anunciado.
José Manuel Ribeiro foi acusado de “falta de respeito” pelo órgão, por ter tomado uma medida reactiva, perante o descontentamento da população, sem dar conhecimento prévio aos vereadores da oposição.
“É um tique de maioria”, apontou o social-democrata José António Silva. “Eu fiz o que me compete, reagi. Usei um mecanismo que posso usar”, sustentou José Manuel Ribeiro.
As medidas foram aprovadas por unanimidade.
Medidas anunciadas ao domingo e sem passar pelo órgão executivo
“Concordamos com as medidas propostas, mas foi uma falta de respeito pelo órgão câmara”, alegou o PSD. “O PS tem de praticar o que anuncia, não é proclamar a transparência e depois não a praticar. Catalogar a oposição de populista e depois governar pelas redes sociais”, sustentou José António Silva.
Em causa a actualização tarifária que traz um aumento na factura de água e saneamento na última reunião de executivo, em que o PSD votou contra. “Fizeram aprovar os aumentos com valor muito superior à inflacção. Três dias depois, com muito alarido e contestação da população, mudaram de opinião. Não venham dizer que já tinham isto pensado. Estamos convictos de que se a população não se manifestasse os senhores continuavam com os aumentos”, frisou o vereador.
“Pensei que ia pedir desculpa por terem trazido a concessão da água para o concelho, porque enquanto existir esta concessão vai existir sempre problema. Passaram 20 anos e ainda não pediram desculpa”, respondeu José Manuel Ribeiro. “Eu não rasgo o contrato porque significa mais 40 milhões para a dívida da câmara. Tudo o resto é folclore pré-eleitoral”, afirmou o presidente da Câmara de Valongo, salientando que a actualização feita era a prevista no contrato.
Quanto ao anúncio de que a câmara assumiria o aumento da factura em 2021 resumiu: “Respondemos. Reagimos. É o que a população espera de nós”. “É um tique de maioria”, acusou o PSD. “Veio anunciar medidas ao domingo e sem consultar o executivo, podia ter esperado pela reunião de câmara”, criticaram.
“O que estamos a criticar é a mudança radical da postura da câmara que vem assumir um custo. Se não houvesse vendaval nas redes sociais não estávamos a discutir isto”, disse Miguel Teixeira, pelo PSD.
José Manuel Ribeiro lembrou que foi confrontado com a necessidade de reequilíbrio da concessão mal tomou posse. “Estava em desequilíbrio porque os senhores que governaram a câmara não actualizaram a tarifa pelo menos duas vezes, nem sequer veio à câmara, isso é que é abuso de poder”, alegou.
O autarca socialista deu depois como exemplos os custos com 10 metros cúbicos de água, saneamento e resíduos sólidos nos 17 concelhos da Área Metropolitana do Porto para concluir que Valongo tem a sexta factura mais barata, de 29 euros mensais. A mais barata é a de Vale de Cambra, de 19,25 euros, e a mais cara a da Trofa, de 43,95 euros. “A média é de 31,72 euros. Em Valongo estamos dois euros abaixo”, sustentou.