No entanto, uns perderam mais do que outros. O maior de todos os derrotados foi Edgar Silva, o candidato do PCP e de “Os Verdes”. O comunista conseguiu menos de metade dos votos que o seu partido teve nas últimas legislativas. Não fossem os votos dos poucos conselhos tipicamente comunistas e Edgar Silva teria ficado bem atrás do “Tino de Rans”. Uma curiosidade: é a primeira vez que o Secretário-Geral dos comunistas assume publicamente uma derrota. Nunca tal tinha acontecido desde que há eleições livres. Certamente, esta pesada derrota terá como consequência a mudança de papel do PCP na coligação de esquerda que sustenta o Governo.
A segunda maior derrotada foi Maria de Belém. Tinha como objectivo ter mais votos do que Sampaio da Nóvoa e provocar uma segunda volta eleitoral. Não conseguiu nem uma coisa nem outra. Ficou-se por uns humilhantes 4,24 por cento dos votos.
Outro dos derrotados foi Sampaio da Nóvoa. É certo que foi o segundo mais votado, mas não impediu a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa à primeira volta e teve menos de metade dos votos do seu principal adversário.
Associado a estas duas candidaturas há um terceiro perdedor: o Partido Socialista. Importa recordar que António Costa classificou estas eleições como as primárias deste Governo e apelou ao voto nos candidatos Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém. A soma dos votos nestes dois candidatos somam 1,26 milhões, qualquer coisa como menos meio milhão do que o PS obteve nas últimas legislativas.
Outra das derrotadas é Marisa Matias: embora tenha festejado efusivamente o facto de ter conseguido um honroso terceiro lugar, na prática conseguiu a mesma votação que o BE teve nas últimas eleições. Comparando com os restantes candidatos da esquerda foi a que conseguiu fidelizar mais votos do partido que a apoiou, mas não conseguiu fazer crescer a base eleitoral do Bloco de Esquerda.
Entre os mais pesadamente derrotados estamos todos nós e a democracia. Foi a eleição com o maior número de candidatos, mas a que contou com menos portugueses a votar: mais de metades dos recenseados não exerceram o seu direito de voto. Para além disso, o facto de existirem mais de 150 mil pessoas que votaram no “Tino de Rans” para Presidente da República mostra o estado miserável a que chegou o interesse dos portugueses pela política e a credibilidade que esta lhes merece.