Aqui tenho tentado escrever sempre de europa, da sua ligação ao nosso quotidiano e à nossa região. Ontem, mais de 56.000 pessoas votaram em André Ventura no distrito Porto. Um resultado que perpassa e afeta região, país e europa.
Sou cristão, europeísta convicto, defensor de um mundo de regras e não de guerras, crente no cosmopolitismo e não em isolacionismo. Acima de tudo, um fervoroso devoto da dignidade humana. Tudo isto é incompatível com o CHEGA.
Mas também sou democrata e, por isso, respeito o resultado e os eleitores que entregaram o seu voto a Ventura. Em 2019, nas legislativas, aquele partido teve pouco menos de 70.000 votos, ontem o seu líder multiplicou-os por sete.
Estamos perante algo totalmente novo no contexto europeu? Não. Assim como não é o enfraquecimento da extrema esquerda, que também ontem parece ter começado em Portugal.
No Parlamento Europeu, tal como na Assembleia da República, há grupos parlamentares. Por exemplo, o Partido Social Democrata está no Grupo PPE, e o Partido Socialista, no Grupo S&D. Já o Chega estaria incluído no Grupo ID – Identidade e Democracia. Neste grupo está Marine Le Pen, financiada por Putin. Está a Nazi AfD, da Alemanha, está a LEGA, italiana, que vetou ao abandono centenas de migrantes no mediterrâneo ou ainda o PVV holandês – anti euro e anti-europa. O Grupo ID é o quinto maior no parlamento europeu, com cerca de 70 deputados de 10 países.
Na União Europeia, o populismo de extrema direita não é, infelizmente, novo. No passado domingo, ficou claro que Portugal não mais está imune. Em Portugal e na Europa algo está errado. Enquanto cidadão não posso ignorar. Nenhum de nós pode. Não podemos ignorar.