O PSD Valongo está a criticar os elevados custos na iluminação de Natal em Valongo, que ascende, dizem, a cerca de 400 mil euros, e a pôr em causa a legalidade dos contratos celebrados.
“Para além da irrazoabilidade e insensatez do volume da despesa, todo este processo de aquisição de bens e serviços nos levanta sérias dúvidas quanto à sua legalidade, pois parece existir um claro fraccionamento de despesa para evitar o recurso obrigatório a concurso público, violando o regime jurídico de realização de despesas públicas e da contratação pública”, sustenta o partido da oposição em comunicado, prometendo remeter o processo às entidades competentes “para verificação da legalidade dos procedimentos efectuados”.
A Câmara de Valongo explica que “os contratos para as iluminações natalícias foram realizados para três anos” e “são públicos e inatacáveis do ponto de vista legal”. “O investimento global na iluminação de dezenas de ruas, edifícios emblemáticos e praças de todas as cinco freguesias do concelho é de aproximadamente 180 mil euros, idêntico ao do ano passado e um dos mais reduzidos da Área Metropolitana do Porto”, afirma a mesma fonte.
Dinheiro devia ser canalizado para ajudar famílias afectadas pela pandemia, diz PSD
A comissão política do PSD Valongo diz-se perplexo com a montagem de uma árvore de Natal em Ermesinde e de uma Bola de Natal em Valongo, “essencialmente pelos elevados custos associados, que deveriam antes ser canalizados para apoiar as famílias e as empresas que actualmente passam por graves dificuldades económicas, em consequência da pandemia”, alegam em comunicado.
Maior árvore de Natal do país, com 55 metros, voltará a ser montada nos próximos dois anos
Contactada, a Câmara de Valongo começa por lamentar a posição do principal partido da oposição e acusá-lo de “propagar desinformação de forma sistemática, omitindo factos relevantes, com o propósito demagógico de induzir em erro a população”.
“Os contratos para as iluminações natalícias foram realizados para três anos, são públicos e inatacáveis do ponto de vista legal”, garante a autarquia liderada por José Manuel Ribeiro. “Em 2020, o Investimento global na iluminação de dezenas de ruas, edifícios emblemáticos e praças de todas as cinco freguesias do concelho é de aproximadamente 180 mil euros, idêntico ao do ano passado e um dos mais reduzidos da Área Metropolitana do Porto”, referem, dando como exemplo de comparação o valor gasto pela Câmara do Porto, 395 mil euros (e sem a árvore), de Matosinhos, 227 mil euros, e de Vila Nova de Gaia, 340 mil euros (sem a habitual Praça de Natal).
O executivo socialista fala em incoerência, lembrando que foram os próprios vereadores do PSD a apelar a que as ruas de Valongo fossem iluminadas mais cedo este ano.
Acusa ainda o PSD Valongo de omitir que os contratos em causa são para três anos, o que faz com que os custos da iluminação em 2021 e 2022 sejam mais baixos. O valor deste ano, o mais elevado, inclui o valor da base para suportar a maior árvore de Natal do país, com 55 metros, que voltará a ser montada nos próximos dois anos. O valor global com os custos da árvore e bola gigante, com os serviços de iluminação e montagem para 2021 é de 129.800 euros e para 2022 de 114.800 euros, adianta a Câmara em resposta ao Verdadeiro Olhar.
“Além da Árvore, em Ermesinde, e da Bola de Natal, em Valongo, as decorações natalícias do município de Valongo incluem a iluminação da Ponte Romana, em Campo, do Largo do Passal, em Sobrado, e do Parque Vale do Leça, em Alfena, entre outros locais do concelho, com maior incidência nos eixos urbanos de Ermesinde e de Valongo, onde se concentra 70 por cento do comércio”, salienta a mesma fonte.
A autarquia liderada por José Manuel Ribeiro sustenta ainda que este investimento é “adequado” às circunstâncias e que não deixou de apoiar famílias e instituições afectadas pela pandemia com cerca de 1,5 milhões de euros.
“O investimento de 180.763 euros na quadra natalícia não prejudicou em nada a acção da Câmara de Valongo no apoio aos que, por via da pandemia, foram mais afectados e prejudicados. Esta Câmara nunca deixou nem vai deixar ninguém para trás, mas recusamo-nos a ficar paralisados pela pandemia e a desligar o espírito de Natal das ruas e freguesias do concelho”, conclui a resposta enviada.