Afonso Cruz venceu a primeira edição do Prémio Ibérico Álvaro Magalhães, atribuído pela autarquia de Valongo, no âmbito do Onomatopeia, o festival de literatura infantojuvenil de Valongo.
Com o livro “A Flor e o Peixe”, editado em 2022 pela Companhia das Letras, Afonso Cruz conseguiu unanimidade do júri, tendo sido atribuída ainda uma menção especial à autora Capicua, pela obra “Mão Verde II”, revela o município.
Aquando o anúncio do vencedor, o autarca local salientou a importância destas iniciativas diferenciadoras para “incentivar leitores críticos, seres pensantes que se tornam pessoas especiais”, cita a edilidade.
José Manuel Ribeiro manifestou também a intenção de alargar esta iniciativa aos autores do mundo lusófono, designadamente a Timor.
Álvaro Magalhães, autor homenageado e membro do júri, destacou a quantidade e qualidade de participantes, considerando que esta iniciativa vem colmatar uma grande lacuna na literatura infantojuvenil, “em tempos estranhos, de facilitismo, com os mais novos a perder competências”.
Sobre a obra vencedora, Álvaro Magalhães disse tratar-se de “um livro magistral do ponto de vista literário” e “inspirador”, onde dá ideia que “as palavras dançam”, ou seja, esta obra é “uma overdose de qualidade”.
Álvaro Magalhães enalteceu ainda a qualidade literária da “Mão Verde II” de Capicua, por ser uma “uma surpresa inesperada” e um “bom exemplo do que deve ser a literatura infantojuvenil”.
O Prémio Ibérico Álvaro Magalhães foi revelado este fim de semana, na Oficina da Regueifa e do Biscoito, onde os vendedores participaram por via remota. Também se realizou a iniciativa «Ilustre Álvaro», entre outras atividades.
Para a primeira edição do Prémio Ibérico Álvaro Magalhães tinham ainda sido selecionados mais três finalistas, entre 95 obras portuguesas e espanholas a concurso, como o livro “Os reis do mar”, de David Machado, “Filas de sonhos”, de Rita Sineiro, e “A minha mãe é a minha filha”, de Valter Hugo Mãe.
O júri foi composto também por Adélia Carvalho, também curadora do festival Onomatopeia, pela professora universitária Lourdes Pereira e pela ilustradora e editora Marta Madureira. Adélia Carvalho considerou que o livro «A Flor e o Peixe», tem uma reflexão sobre amizade, sobre tudo o que nos liga, sobre questões de pertença”, sublinhando também a intertextualidade da obra, escrita e ilustrada por Afonso Cruz.
Numa pequena nota introdutória nas primeiras páginas, Afonso Cruz explica que “esta história nasceu de uma proposta da associação cultural Play False, para um espetáculo de teatro e dança, cuja base seriam duas histórias de Saramago, “O silêncio da água” e “A maior flor do mundo”.
Afonso Cruz, de 52 anos, é um premiado ilustrador e autor de ficções, entre romance, conto e literatura de viagens, tendo publicado, entre outros, “A carne de Deus”, “Jesus Cristo bebia cerveja”, “Para onde vão os guarda-chuvas” e “O pintor debaixo do lava-loiças”. Em 2015 venceu o Prémio Nacional de Ilustração com o livro “Capital”.
Refira-se que, este prémio foi criado pela Câmara Municipal de Valongo, em parceria com a editora Tcharan, e o autor da obra vencedora recebeu um prémio monetário de cinco mil euros, já a menção especial tem um valor de mil euros.
Este prémio pretende homenagear o escritor Álvaro Magalhães pelo seu contributo para a valorização e promoção da literatura infantojuvenil de qualidade. Ao mesmo tempo, Valongo quer incentivar a criatividade literária, fomentar o gosto pela leitura e pela escrita nas línguas portuguesa e espanhola, bem como divulgar e promover o festival. Onomatopeia.