Verdadeiro Olhar

‘Unir’ multiplica queixas. Horários estão a ser revistos e só em “meados de janeiro” transportes funcionarão em pleno

Os horários de três dos cinco lotes da UNIR, a nova rede de transportes que serve os municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP) estão a ser revistos e reformulados e devem ser conhecidos a curto prazo. Serviço de autocarros deve estar a funcionar em pleno em “meados de janeiro”.

O site da empresa revela que estão em causa os lotes que servem os municípios de Gondomar, Valongo, Paredes e Santo Tirso, também Gaia e Espinho e, ainda, Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Arouca, S. João da Madeira e Vale de Cambra. Fora desta reformulação ficam apenas os lotes que envolvem Matosinhos, Maia e Trofa e Vila do Conde e Póvoa de Varzim.

Recorde-se que, toda a operação que envolveu a UNIR, com 439 linhas, começou a 1 de dezembro, mas, desde então, sucedem-se os protestos contra atrasos, linhas e horários que foram suprimidos e ausência de informação.

Uma utilizadora dos novos transportes lamentou ao nosso jornal o facto de a ligação entre Rebordosa e Paredes, em ambos os sentidos, ter sido suprimida. “Tínhamos transportes para ambos os lados, de manhã, à hora de almoço e ao final da tarde”, mas, a semana passada, o autocarro não passou.

A trabalhadora insurge-se contra os novos horários e percursos, porque se não repuserem as linhas habituais, terá que se despedir do emprego ou então ir de táxi para o trabalho. A verdade é que este não é caso único, e “há muitas outras pessoas nesta situação”, contou ao Verdadeiro Olhar.

Uma outra utilizadora denunciou, por exemplo, a linha 8005, que faz a ligação entre Valongo e Gondomar. O horário das 16h25 foi suprimido, o que faz cpom que as pessoas que apanhavam aquele autocarro “só consigam chegar a casa à noite”.

As queixas sucedem-se ainda nos sites da empresa e da AMP e os partidos políticos também estão a fazer eco deste descontentamento. É o caso do PSD de Paredes que “exige medidas urgentes para resolver o caos que paira no concelho”, já que toda esta situação tem “causado graves prejuizos” à população local.

“Há pessoas que perdem o dia de trabalho, há crianças e idosos que passam horas e horas à espera do autocarro para irem para a escola ou a consultas”, relata o partido, em comunicado, ao mesmo tempo que lamenta que o autarca local não tenha acautelado, em tempo útil, “os interesses dos paredendes junto da AMP”.

O líder Ricardo Sousa lembra que, no início deste processo, o PSD Paredes, em reunião de Câmara, “alertou para os riscos desta situação” e chegou mesmo a questionar o autarca se “estava tudo preparado e se não iriam existir constrangimentos”, tendo sido dito que estava tudo operacional.

Também o ‘Juntos Por Paredes’ não deixou de mostrar a sua “preocupação” face a esta confusão motivada pela rede UNIR. Para a coligação os “horários são inadequados, há escassez de informação e falta de motoristas”.

Por isso, acredita que “o retorno aos percursos e linhas antigas” e a implementação das alterações necessárias de forma progressiva, iria “minimizar os impactos negativos” desta operação.

O Juntos por Paredes alinha pela mesma bitola do PSD e aproveita para lamentar que a edilidade não tenha “antecipado” os problemas que agora surgiram.

Por seu turno, o PSD de Valongo lamenta que “a nova estratégia de mobilidade para a AMP, protagonizada pela empresa UNIR criada para o efeito, tem tido um arranque de operação incapaz de cumprir a sua missão, deixando milhares de cidadãos sem um serviço de transporte viável e pontual”.
Em nota enviada aos jornalistas, anunciam que vão “lutar por uma estratégia de mobilidade que sirva o território e as pessoas”, não deixando de acusar a autarquia e as Juntas de Freguesia de Valongo de estarem em todo este processo com uma “preocupante indiferença”.

Também a Juventude Popular de Valongo se atira aos líderes do município dizendo que caberia à “Câmara Municipal ter tomado, desde cedo, as mais diversas diligências” para evitar aquilo que apelida de “situação dramática”. Por isso, pedem aos dirigentes locais que tomem medidas no sentido de “dar provimento à resolução desta situação que tanto tem afetado os munícipes”

Em declarações à Rádio Renascença, Eduardo Vítor Rodrigues explicou que “ultrapassadas estas dificuldades, que são normais num megaprocesso destes, as pessoas passarão a ter um modelo de transporte e um sistema de transporte de cunho europeu”.