O exemplo dos Açores, com a entrada (e previsto aumento) das ligações aéreas de baixo custo entre o continente e o arquipélago, pode servir de alerta relativamente à necessidade de manter o equilíbrio de uma região extremamente sensível em termos naturais, face ao já comprovado aumento da procura e pressão turísticas.
Uma das maiores reivindicações da Quercus nos últimos anos tem sido a salvaguarda das Áreas Protegidas do país, nomeadamente Parques e Reservas Naturais, face à proliferação de projetos de desenvolvimento turístico e imobiliário, onde os interesses económicos se sobrepõem à preservação dos valores naturais e do equilíbrio ecológico.
A implementação de modelos turísticos assentes em empreendimentos de grandes dimensões ou situados em zonas naturais sensíveis é uma aposta arriscada que acabará por destruir as características naturais e o equilíbrio que torna tão atractivas muitas regiões do nosso país.
Assim, a Quercus apela aos decisores políticos locais que invistam em modelos turísticos de baixa densidade e não fechem os olhos à rigorosa avaliação de impacte ambiental que deve preceder a validação de qualquer empreendimento.
Julgamos necessário sensibilizar e capacitar todos os agentes turísticos; proprietários, funcionários e empreendedores para a implementação e/ou melhoria das medidas de sustentabilidade (ambiental, social e económica), enquanto elemento de opção de valor na oferta; promover a qualidade ambiental nas atividades turísticas, encontrando formas de as distinguir através de sistemas que apoiem e certifiquem os diferentes operadores em Portugal; implementar mecanismos que promovam, sensibilizem e orientem os empreendimentos turísticos em espaço rural e natural, e também urbano, para a utilização cada vez maior de critérios de sustentabilidade e a criação de incentivos para a implementação de tecnologias nos serviços de transporte e na hotelaria que reduzem a pegada ecológica da sua atividade, nomeadamente veículos elétricos, velocípedes ou sistemas de produção de energias renováveis.
É com base na procura do equilíbrio entre o crescimento da procura e a real disponibilidade da oferta que devemos investir num turismo que se quer sustentável. Esta é também uma oportunidade de diferenciar o nosso país enquanto destino turístico, seja de praia, natureza ou cidade, tornando a aplicação de politicas de sustentabilidade ambiental e patrimonial uma imagem de marca, cada vez mais procurada e reconhecida por quem nos visita.