Verdadeiro Olhar

Transmissão radiofónica e nas redes sociais da Assembleia de Paços de Ferreira esteve em debate

Foi discutida, na última sessão da Assembleia Municipal, uma proposta apresentada pelo PSD de Paços de Ferreira que visava a transmissão radiofónica e nas redes sociais das sessões de assembleia municipal do concelho.

“A democracia pode não ser perfeita, mas é o melhor regime de todos. Temos assistido nos últimos anos, um pouco por todo o mundo democrático, ao aparecimento de movimentos radicais que põem em causa a democracia e a defesa dos direitos humanos. O aparecimento destes movimentos parece estar relacionado com a, cada vez maior, desilusão em relação à vida política. Todos temos a responsabilidade de trabalhar para preservar a democracia”, defendeu Joana Araújo, que apresentou a proposta.

Segundo a eleita do PSD, esse desígnio só é possível se todos trabalharem em conjunto para melhorar a participação do eleitorado na vida política do país.

“Entendemos que uma das formas de combater o desencanto da população é garantir uma informação de qualidade relativamente aos assuntos de maior importância do concelho”, dando melhor e maior acesso à informação, declarou a social-democrata. “As sessões deviam ser transmitidas em directo pela via radiofónica e através das redes sociais. A proposta levanta algumas questões em termos de protecção de dados pessoas que é preciso conciliar, mas acreditamos que havendo vontade política isso será possível”, sustentou Joana Araújo.

Mas a bancada do Partido Socialista não teve o mesmo entendimento.  Para Hugo Lopes, a discussão não fazia, desde logo sentido, devido a um parecer da Comissão de Protecção de Dados. “Não chega aqui a vontade política, a vontade legal é fundamental. Só o parecer era suficiente para votar contra”, afiançou. Acrescentou ainda que a proposta seria “nefasta para a Assembleia Municipal” ao desvalorizar a presença do público na sala. “Os cidadãos que ali estão merecem ser respeitados e não é a transmissão radiofónica e via redes sociais que vai fazer esse trabalho. É permitir que estejam aqui, possam falar e apresentar as suas medidas e não os massacrar com coisas que não têm finalidade nenhuma, esse é o trabalho da democracia”, defendeu o eleito do PS, acusando ainda que é a “política do Facebook” e “das pseudo-verdades” aquela que “está a dar cabo da democracia”. “Estão a fazer um mau serviço a esta câmara a fazer esse tipo de políticas e a manter esse tipo de postura favorecedora dos populismos”, criticou.

“Têm algum problema que isto seja transmitido para toda a gente?”, questionou Miguel Martins, líder da bancada do PSD. Joana Araújo voltou à carga para afirmar que o parecer citado foi pedido em relação à reunião de executivo e não à assembleia. “E o que nós propomos é que sejam os órgãos de comunicação social a transmitir e não a câmara. O parecer não diz que não pode, diz que têm que se cumprir requisitos”, frisou, lembrando que um deles é garantir que os titulares de dados pessoais não vêem violada a sua privacidade. “Bastava avisar no início que ia ser feita uma transmissão e que as pessoas pudessem escolher e não fazer a transmissão de imagens do público”, referiu.

“Os elementos da comunicação social aqui presentes acabaram de receber um atestado de incompetência do PSD. Vocês não conseguem transmitir a notícia do que se passa aqui”, ironizou Miguel Costa, do PS. “O PS parece ter alguma coisa a esconder. Pelo PSD podem transmitir tudo”, rebateu Miguel Martins.

A proposta foi chumbada com 17 votos contra, 13 a favor e duas abstenções.