Pudemos assistir, através das redes sociais, à partilha de inúmeras fotos da visita pascal a casa de muitos de nós e é bonito de ser a alegria com que todos se vestem para receber o Senhor, Aquele que vem trazer a esperança e renovar a nossa confiança nos dias que se seguem. Acreditamos que a vinda do Senhor a nossa casa é um momento especial e que nos vai trazer a força e a coragem para enfrentar a nossa vida. É como se fosse uma lufada de ar fresco às nossas vidas e, por isso, tratamos este dia com solenidade, respeito e muita alegria no seio das nossas famílias.
Podemos dizer que a tradição pascal, com algum esforço em alguns locais, ainda é o que era.
Digo “com algum esforço”, porque em algumas terras já se começa a sentir dificuldade em encontrar gente disponível para integrar o compasso e percorrer a paróquia, levando a cruz a casa de quem a quer receber.
É pena que tal aconteça. É uma tradição antiquíssima e uma tradição estreitamente ligada à religião, à fé de cada um, o que faz com que lhe seja atribuído um significado ainda maior, por uma grande parte dos crentes e/ou praticantes.
É caso para perguntarmos se estarão a fé e a religião em crise? Terá a Igreja de repensar a forma de atrair os mais jovens, de forma a que a sua ligação à Igreja e a Deus não se perca?
Ou estaremos apenas perante uma sociedade cada vez mais egocêntrica e incapaz de dedicar algum do seu tempo à comunidade?
Uma sociedade que passa o tempo a correr de um lado para o outro, que vive em permanente stress e que quase já não tem tempo para a vida familiar, muito menos para a vida em comunidade.
Já pouca gente tem tempo para viver em comunidade e participar de forma activa nas actividades e tradições, dando o seu pequeno contributo para a dinâmica local e para que as tradições se mantenham vivas?
Ou simplesmente não há vontade? São outras as prioridades na vida de cada um de nós? Cada um vive a sua vida, olhando apenas para o seu umbigo, para o seu mundo, sem se importar com aquilo que acontece ou deixa de acontecer à nossa volta?
A comunidade somos nós. Aquilo que acontece (agradando ou não) e aquilo que deixa de acontecer (e que podemos ou não lamentar) depende única e exclusivamente de nós, no seu conjunto, mas de cada um em particular.
Se tivermos vontade, conseguimos sempre um bocadinho do nosso tempo e da nossa energia para dar aos outros, para dar ao mundo que nos rodeia e acreditem que esse ficará seguramente melhor.
Aproveitando o espirito pascal, deixo esse repto aos nossos leitores: que saibam dar valor à vida em comunidade e que participem de forma activa. Vale mesmo a pena!
Termino com um forte viva à liberdade, ja que estamos em vésperas de 25 de Abril!