Verdadeiro Olhar

Trabalhador morreu atingido por portão. Serralheiro vai ser julgado por infração de regras de construção

Um serralheiro está acusado de estar na origem da morte de um homem que, em Agosto de 2009, foi atingido por um portão e morreu na sequência dos ferimentos sofridos. Manuel M., de 48 anos e residente na Apúlia, está indiciado pelo crime de infração de regras de construção e começou a ser julgado a meio desta semana, no Tribunal de Penafiel.

O acidente aconteceu no Parque Industrial situado em Gandra, Paredes.

 

Portão de 400 quilos atingiu duas pessoas

Segundo a acusação do Ministério Público consultada pelo VERDADEIRO OLHAR, o serralheiro com 28 anos de experiência foi contratado pelo gerente do Parque Industrial de Gandra para instalar um portão com 9,20 metros de comprimento, 1,95 de altura e 404 quilos de peso. O homem de 48 anos tinha de aproveitar uma estrutura já existente na entrada no referido Parque Industrial.

Entre Abril e Julho de 2008, Manuel M. elaborou e instalou a obra encomendada, mas, segundo o Ministério Público (MP), não terá respeitado “as regras técnicas de construção”, sobretudo por não ter instalado “um batente de fim de curso que ficasse concêntrico com a viga da estrutura existente”. Para o MP, o serralheiro não o fez por “comodidade” e para não ter de desmontar e voltar a montar a estrutura. “Também por comodidade, na referida construção da estrutura e no portão não foram instaladas pelo arguido quaisquer dispositivos complementares de segurança para além do referido batente”, acrescenta o procurador. Ou seja, sustenta a acusação, “o arguido “violou as regras técnicas de construção e segurança do portão, criando desse modo perigo para a integridade física e para a vida de todas as pessoas que procedessem ao manuseamento do portão”.

Terão sido estas violações das “regras técnicas de construção” que fizeram com que as soldaduras do portão fracturassem e levassem a que este caísse, a 3 de Agosto de 2009, em cima da perna de um trabalhador. A vítima foi Eduardo Leal que, após terminar um serviço de carga numa das empresas situadas no Parque Industrial, deslocou-se para junto do portão para o fechar. “Após o agarrar com as duas mãos, fez com este deslizasse em direcção ao pilar. O batente partiu e o portão caiu em cima das pernas”, lê-se na acusação.

12 dias depois, o caso foi mais grave. Joaquim Martins também estava a sair do Parque Industrial quando fechou o portão. Este tombou e atingiu-o na zona do tórax e da cabeça. As lesões provocaram-lhe a morte.