No entanto, esta nobre vontade da parte de quem concorre a tais cargos públicos não é suficiente para uma boa gestão da coisa pública. Que lê ou ouve uma grande parte dos candidatos da nossa região desconfia que estejamos num país europeu e em pleno terceiro milénio, tal é a superficialidade dos discursos.
A maioria não distingue a dívida do passivo. Uns porque não sabem ler uma folha financeira, outros porque têm interesse em confundir esses números para engarem os eleitores. Depois, existem os que prometem a construção de tudo, pensando que o plano de ordenamento é uma coisa que se desenha no toalhete de papel do restaurante. Esses também costumam ser os que prometem a criação de empregos, como se uma autarquia tivesse meios para o fazer.
Olhando para os candidatos que se têm apresentado publicamente, são poucos, muito poucos mesmo, os que não prometem betão e, acima de tudo, não prometem o que sabem que não podem cumprir. Esses são os que mostram conhecer a história do concelho, compreendem a dimensão social que vão gerir e a dimensão económico-financeira sobre a qual vão actuar. Esses poucos não o fazem por ambição pessoal ou para dar corpo à intenção de um grupo de empresários. Esses poucos fazem-no por espirito de serviço e sacrificando os seus espaços de conforto.
Como em democracia os eleitores merecem sempre os eleitos que escolhem, oxalá que a população da nossa região seja merecedora desses poucos e bons candidatos.