Tenha cuidado. A propósito da notícia que fez machete na edição da semana passada do VERDADEIRO OLHAR, onde lhe dávamos conta que viver mais de cem anos é cada vez mais comum, lembrei-me de uma notícia publicada há uns tempos num prestigiado jornal alemão e que nos deve deixar preocupados.
Contava esse diário alemão que os idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia. (Não, não me enganei a escrever o nome do país. Não é a Coreia do Norte ou a China, é mesmo a Holanda, aquele país do norte da Europa) Inclusive, há um asilo alemão que se converteu num abrigo para idosos holandeses que têm medo de serem vítimas de eutanásia a pedido da própria família. Com a liberalização desta prática assassina, há médicos que propõem a eutanásia (leia-se: matar o doente) para pacientes crónicos com diabetes, com esclerose múltipla, SIDA ou cancro. O medo é tanto que há idosos que transportam consigo junto com os documentos um cartão a dizer “não me matem”.
O mais grave é que o medo que os idosos holandeses (para os holandeses uma pessoa com mais de 60 anos é idoso!) sentem tem fundamento. Uma análise feita pela Universidade de Göttingen de sete mil casos de eutanásia praticados na Holanda justifica o medo de idosos de terem a sua vida abreviada a pedido de familiares. Em 41 por cento destes casos, o desejo de antecipar a morte do paciente foi da sua família. 14 por cento das vítimas eram totalmente conscientes e capacitados até para responder por eventuais crimes na Justiça. Ou seja, quase metade dos casos de eutanásia foi provocada pelos familiares. O mesmo estudo revela que muitas das pessoas com mais de 60 anos não têm confiança nos médicos e acham que a família pode ser uma ameaça para a sua vida no caso de ficarem doentes.
Tudo isto está a fazer com que muitos holandeses estejam a optar por passar a velhice do outro lado da fronteira. Por isso, se tem mais de 60 anos e está a pensar ir passear até à Holanda, certifique-se que não lhe acontece nada de grave. Se for parar ao hospital por causa de um problema grave de saúde corre o risco de morrer da cura.