O formato institucional escolhido pelo presidente da câmara para comemorar a Implantação da República não nos merece qualquer reparo. Parece-nos, contudo, que fornecido o apêndice da apresentação do livro” Paredes e a Primeira República”, do investigador Ivo Rafael Silva, deveria, dizemos nós, ter merecido mais atenção. No que em público se conseguiu ver, do autor e da obra quase nada se disse e o próprio, pelo que se viu, apenas dispôs de breves minutos para apresentar o livro. Propósito, portanto, falhado. Aliás, para falar sobre a data que ali se comemorava, bastaria dar a palavra ao autor ou a um ou outro convidado presente na cerimónia.
Não foi isso que aconteceu e, talvez por isso e pela sede de protagonismo, excetuando os interlúdios musicais, o que mais aconteceu pareceu-nos dispensável, para não dizer inenarrável.
Desde a vereadora da cultura que depois de se afirmar ignorante sobre o assunto de que ia falar, mas que o fazia por ordem do presidente, contou um conto, segundo a própria e atribuindo implicitamente a si mesma a qualidade de escritora. Como se não bastasse a redação não despertou sequer a atenção dos seus pares. Uma falta de respeito a que escapou, talvez, o vereador mais próximo da tribuna.
Mas o pior estava para vir. Alexandre, “à Almeida”, puxou dos galões de duplo licenciado e atirou-nos com uma lição de História da República que nem aos monárquicos lembraria.
Desde o errático conceito de História que atribui o progresso a endeusadas personagens – conceito próximo dos que se querem tornar ditadores- até à desfocada localização no tempo e no espaço, Alexandre Almeida embrulhou-se e atou-se mal, do princípio ao fim, num texto que não o dignifica.
Confessamos que esta é a crónica que mais nos custou escrever. Seria fácil ter escolhido o caminho do humor ou da sobranceria.
Contudo, somos dos que pensamos que quando o nosso presidente da câmara fala, nestas circunstâncias, fá-lo em nome de todos nós. E, nos tempos que correm, a informação circula mais depressa do que o conhecimento e chega a todos os cantos do mundo.
Quando o que diz não o dignifica, pode fazer corar os que representa. E ele, para o bem e para o mal é o representante dos cidadãos do concelho de Paredes. Com vergonha nossa, neste caso.
Já agora, D. Dinis, como diz Pessoa, foi “…o plantador de naus a haver…”. Também criou os Estudos Gerais, em 1290. No século XIII, portanto.
Dando voz à sabedoria popular: “o calado é o melhor”.
Um estava na cerimónia. O outro nem apareceu.