Quem anda pelos corredores apercebe-se da importância da arte de ouvir. As notas e os acordes de instrumentos como trompete, clarinete, tuba, acordeão, piano, entre tantos outros, misturam-se e ampliam-se por todo o edifício, dando a ideia que estamos dentro de uma caixa de ressonância.
É assim o Conservatório de Música de Paredes que foi criado há 30 anos e que esta noite começa com as comemorações do aniversário com um concerto, a realizar na Igreja Matriz local, as partir das 21h30.
Foi há 30 anos que nasceu o Conservatório de Música de Paredes e, de ano para ano, o número de alunos tem vindo a crescer, e só não recebe mais devido à limitação de espaço. Quem o afirma é Nelson Carvalho, a quem cabe a direcção pedagógica.
“Nos últimos anos a procura excede a oferta”, o que quer dizer que “somos uma escola referenciada, com reputação” e quando os alunos participam em concursos “são sempre premiados”, enalteceu.
“Com 282 alunos é uma referência a nível nacional”, sublinha o também professor de tuba, explicando que, além das aulas que ali são dadas de ensino música, também têm oito professores responsáveis pelas Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC’s) no concelho.
Para além dos cursos, que vão desde o básico, secundário, iniciação musical (pré e 1º ciclo) e cursos livres, por ali passam instrumentos como flauta transversal, oboé, clarinete, saxofone, trompete, trompa, trombone e tuba. No que diz respeito à percussão tem piano, órgão, acordeão, nas cordas conta com ensino de guitarra, violino, viola d’arco, violoncelo e contrabaixo. Nas classes de conjunto podemos ouvir o coro, as orquestras de sopros, de cordas e guitarras e ainda os ensembles de flautas e violoncelos.
Uma panóplia de ofertas que fazem com que o espaço seja pequeno para tantos alunos e tantas actividades. Assim o revela Paulo Rocha, presidente da Associação Cultural José Guilherme Peixoto, o organismo responsável pelo conservatório, assim como pelo Coro Feminino e o Centro Português Nyckelharpa.
“Atingimos o limite”, referiu ao Verdadeiro Olhar o dirigente que aproveitou para anunciar que, em parceria com a Câmara Municipal de Paredes e a Junta de Freguesia, já está a ser realizado um projecto de arquitectura que vai permitir “requalificar o espaço, dando-lhe outras condições”.
Em relação a prazos, Paulo Rocha não consegue adiantar, dizendo apenas que se o projecto ficasse pronto este ano seria “uma excelente prenda de aniversário”.
Esta ‘fábrica de música’ é frequentada por alunos que vão desde os “três aos 90 anos”, refere o dirigente que diz sentir-se “orgulhoso por todo o trabalho desenvolvido ao longo destes anos”, mérito que é dividido entre “professores, funcionários colaboradores, alunos e associados”.
Pode dizer-se que neste espaço ‘a arte está ao serviço da educação’ e dirigir musicalmente esta escola tem sido para “desafiante e prazeroso”, segundo Nelson Carvalho. Com 37 anos, este professor, que é natural do Porto, refere que trabalha em Paredes com um “estável e excelente corpo docente”, composto por 30 professores, o que faz deste conservatório uma referência.
Um dado curioso é que o tubista é um apaixonado pela música, um amor que não foi ‘herança’, uma vez que “primeiro e único músico da família”. Aliás, é esta mesma paixão que transmite no seu trabalho, sublinhando a importância da educação musical nas crianças, porque se traduz numa actividade que contribui para o “desenvolvimento pessoal e cognitivo”
Já sobre o futuro do conservatório, Paulo Rocha replica a palavra “qualidade”, porque mais do que os números “importa tornarmo-nos mais fortes e melhores ao nível do que leccionamos”. Apesar de reconhecer que, com a pandemia, o meio artístico “sofreu” um revés, a verdade é que esta estrutura “tem crescido” e pretendem continuar a fazê-lo, ampliando saber e sons.
Para já, a associação prepara o aniversário com um conjunto de actividades que passam por concertos, onde vão receber grupos, recitais e antigos alunos do conservatório que saíram da escola “há uns 10 ou 15 anos e que seguiram a carreira musical”, especifica Nelson Carvalho. Também estão previstas palestras e encontros, sendo certo que o ‘cartaz’ das comemorações está preenchido.
No dia 24 de Junho acontece o ponto alto das comemorações, com um concerto que assinala o final do ano lectivo. Denominado ‘Notas em Nós’ vai ter um convidado especial que será anunciado em breve. Recorde-se que, o ano passado foi Jorge Palma que subiu ao palco do Pavilhão Multiusos de Paredes.
Com esta agenda recheada e imensos projectos na calha, o Conservatório de Música de Paredes já contabiliza três décadas de um percurso que começou no ano lectivo de 1992/93. Esta escola, de ensino particular e cooperativo, que pertence à Associação Cultural José Guilherme Pacheco, está localizada na Rua Dr. José Magalhães, e funciona em dois edifícios pertencentes às Câmara Municipal e Junta de Freguesia.
O espaço possui 14 salas de aula e um auditório com lotação para 100 pessoas, onde são realizados muitos concertos.