Quem o diz é Mariolina Migliarese, psiquiatra italiana, no seu recente livro “Risposami! Crisi & rinascita della coppia”.
A frase vem no contexto de um lugar comum muito perigoso para o êxito de um casamento: «Se me amas de verdade, deves amar-me como sou». Por trás da sua aparência inofensiva, na realidade, trata-se de uma frase muito ambígua.
É verdade que nos amam como somos, mas isso não é uma “licença” para desleixar o esforço por sermos amáveis, ou seja, facilitar que nos amem.
Tentar ser boa pessoa é algo que todos procuramos realizar, sobretudo na fase que antecede o casamento chamada namoro. Qualquer pessoa sensata, que queira conquistar um amor humano nobre e limpo, esforça-se por dar o melhor de si mesma para que o outro se sinta atraído e enamorado.
Isto não é nenhuma hipocrisia! É um desejo de ser melhor, também por amor ao outro.
É um erro crasso deixar de o fazer simplesmente porque já estamos casados e o outro já está “conquistado”. Como se o casamento fosse um ponto de chegada e não de partida.
Demasiados casamentos morrem por falta de cuidado e, inclusivamente, por falta de educação. Porque se entende “ser amado como sou” como uma desculpa para desleixar-se e não estar pendente do cuidado do outro e do relacionamento.
Por isso, devemos cultivar sem cansaço a boa pessoa que todos somos chamados a ser. Boas pessoas por fora e por dentro, com um coração bom, não só para os estranhos, mas, sobretudo, para aqueles que convivem connosco todos os dias lá em casa.
Com a ajuda de Deus, nunca podemos desistir de cultivar e polir a nossa personalidade. É uma tarefa para a vida inteira. Ser uma pessoa interessante, profunda, amável, é o melhor modo de ser amado e não simplesmente “suportado”.
Isto aplica-se a todo o relacionamento humano (irmãos, familiares, amigos, conhecidos) mas, de um modo especial, entre marido e mulher.