Aníbal Ruão foi nome escolhido, por unanimidade, para a cerimónia de Homenagem ao Profissional que o Rotary Club de Paredes realiza anualmente.
Joaquim Merino, responsável pela área dos serviços profissionais deste grupo de rotários destaca o trajecto social, profissional e associativo e a entrega à comunidade deste homem, que faz dele um exemplo em várias áreas. “É o sócio n.º 2 do União de Paredes, foi tesoureiro da Santa Casa da Misericórdia de Paredes durante 20 anos, é um homem do teatro e das artes e ajuda muitos carenciados sem ninguém saber”, salientou.
A homenagem acontece esta sexta-feira, durante um jantar, em Parada de Todeia.
O homenageado que não gosta de homenagens
Aníbal Augusto de Barros Ruão nasceu em Besteiros, Paredes, em 1927, mas foi na sede do concelho que viveu quase toda a sua vida. Aos 89 anos, não esconde que não gosta de homenagens. “Sou uma pessoa discreta e acho que há outras pessoas a homenagear. Tive um percurso normal e nada extraordinário”, confessa.
Quando criança, fez o percurso escolar normal no concelho, até seguir para o Porto, para fazer o curso de Comércio. “Fui sempre contra os livros. Nunca gostei de estudar”, admite. Aos 15 anos, os pais fizeram-lhe a vontade. Deixou a escola e foi trabalhar com o pai, na Papelaria Ruão. O pai acabou por passar-lhe o estabelecimento quando tinha cerca de 20 anos.
Depois de casar morou alguns anos em Guilhufe, Penafiel, até comprar e restaurar a casa onde ainda hoje reside e que foi sempre sede dos negócios da família. Voltou para Paredes já com sete filhos.
“Com muito trabalho, a vida foi correndo bem”, conta Aníbal Ruão, recordando os tempos em que ia para o Porto de madrugada comprar os livros que carregava às costas.
Mas os negócios iam muito além da papelaria. Havia ainda o Jornal Progresso de Paredes, fundado pelo pai, e uma tipografia.
“Não tinha fins-de-semana nem nada. Só de muito longe a longe metia os filhos e a mulher na carrinha e ia passear”, recorda.
Apostou em vários negócios
Pelo caminho, fez crescer o negócio do pai, investindo na área da distribuição do tabaco e passou o jornal e a tipografia. Prosperou como empresário e conseguiu licenciar cinco filhos, salienta.
“Sempre gostei muito de trabalhar”, afirma o paredense. Foi isso que fez até perto dos 70 anos, quando passou os negócios aos filhos.
Nessa altura, começou a viajar. “Conheço o mundo quase todo. Fiz bem em aproveitar enquanto tinha saúde e um bom rendimento”, conta. Chegou a fazer três a quatro viagens por ano. Dos países que não conheceu, ficou a tristeza de não ter ido à Austrália e ao Japão. Entre os que mais gostou está a Tailândia. Já a Marrocos foi 16 vezes!
Para essas viagens, contribuiu o facto de se ter juntado a um grupo “Os Bandeirantes”, que organizam inúmeras iniciativas.
Viajar é a grande paixão
Entre as suas paixões estão o teatro, o fado a dança. Com cerca de 14 anos criou, com amigos, o Grupo Cénico Alma Juvenil. E como os pais não deixavam as filhas andar nas andanças do teatro, recorda os tempos em que lhe calhava interpretar personagens femininas. “Tenho muita pena de o grupo ter acabado”, refere. Já o fado, ainda o canta de vez em quando e o pezinho de dança, ninguém lho tira, enquanto puder.
Há cinco anos juntou-se à Universidade Sénior do Rotary Club de Paredes. “Não vou para aprender, vou pelo convívio e pelos passeios”, salienta. “A minha grande paixão é mesmo viajar”, assume Aníbal Ruão.
O segredo do sucesso: “trabalhar muito!”, garante. “Vejo com pena o estado do comércio em Paredes hoje em dia. Naquela altura valia a pena trabalhar, agora está uma miséria”, lamenta o paredense.