Verdadeiro Olhar

Região continua a ser das mais afectadas pela tuberculose

O número de casos de tuberculose desceu na região Norte e o risco de contrair a doença tem vindo a diminuir, mostram os dados do relatório “A Tuberculose na Região de Saúde do Norte 2014”, divulgado hoje pela Administração Regional de Saúde do Norte.

Neste dia 24 de Março, em que se assinala o Dia Mundial da Tuberculose, as conclusões mostram que a doença está mais concentrada no Litoral e em alguns concelhos do Grande Porto e da sub-região do Tâmega. É o caso dos concelhos de Penafiel e Marco de Canaveses. Mas também os outros concelhos da região, integrados nos Agrupamentos de Centros de Saúde Maia/Valongo, Vale do Sousa Sul e Vale do Sousa Norte, continuam a ter uma incidência superior à da região Norte.

“A evolução da tuberculose na Região de Saúde do Norte tem sido, nos últimos anos, consistentemente favorável. No entanto, o facto de não se terem atingido taxas de sucesso terapêutico superiores a 85% dos casos, obriga a uma atenção redobrada sobre os factores que explicam que os doentes interrompam o tratamento ou morram no seu decurso”, refere o documento.

 

“Na última década, o número de casos de tuberculose na região Norte, reduziu para metade”

Segundo o relatório “A Tuberculose na Região de Saúde do Norte 2014”, divulgado hoje pela Administração Regional de Saúde do Norte, em 2014 foram registados 884 casos de tuberculose em pessoas residentes na região de saúde do Norte. Uma descida superior à observada em Portugal. Desses casos, 833 eram casos novos e 51 diziam respeito a retratamentos. Isso traduz-se numa taxa de notificação de 24,3 casos por 100 mil habitantes.

Estes números significam uma descida em relação a anos anteriores. “Nos últimos dois anos, o risco de contrair tuberculose na Região de Saúde do Norte desceu a um ritmo superior ao registado nos últimos quinze anos, sendo que o decréscimo percentual anual de 5,3% indica que caminhamos no sentido do controlo da doença na região”, refere o documento. “Na última década, o número de casos de tuberculose na região, reduziu para metade”, sustenta a ARS Norte. Em 2000, foram registados nesta região do país 1921 casos de tuberculose.

Dos 884 casos registados em 2014, a maioria – 577 – dizia respeito a indivíduos do sexo masculino. Os dados mostram que o risco de contrair a doença aumenta com a idade até aos 54 anos, sofrendo “uma descida ligeira” a partir dessa idade e até aos 74 anos. Já o grupo etário das pessoas com 75 e mais anos atinge um valor “consideravelmente superior” ao da população em geral, diz a Administração Regional de Saúde do Norte. “A tuberculose continua a assumir uma maior magnitude nos indivíduos do sexo masculino, mas atinge as mulheres em idades mais jovens. O risco de contrair a doença é mais elevado nos grupos etários com mais de 74 anos de idade”, conclui o relatório.

 

Concelhos da região continuam a ser dos mais afectados

O Litoral, alguns concelhos do Grande Porto e a sub-região do Tâmega são os locais mais afectados pela doença no Norte do país. Aqui o risco de contrair tuberculose é mais elevado.

Barcelos, Esposende, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Matosinhos, Porto, Maia, Valongo, Gondomar, Penafiel e Marco de Canaveses são os concelhos com maior prevalência da doença.

Ainda assim, o número de casos tem vindo a descer nos últimos anos (ver tabela). Em 2014, o ACES Maia/Valongo registou 72 casos, o Vale do Sousa Sul, 82 casos, e o Vale do Sousa Norte, 32 casos, mostra o relatório da ARS Norte. O ACES do Vale do Sousa Sul, que inclui os concelhos de Castelo de Paiva, Paredes e Penafiel continua a ser o que tem a taxa de notificação mais elevada do Norte do país – 50,7/100 mil habitantes -, sobretudo devido à alta incidência do concelho de Penafiel.

Casos de tuberculose por ACES/ULS da região de saúde do Norte, por ano, entre 2000 e 2014
200020102011201220132014
ACES Maia/Valongo1378370737872
ACES Vale Sousa I (Sul)13490109949082
ACES Vale Sousa II (Norte)492744504432
Taxa de notificação média anual de tuberculose (/100 mil) por ACES/ULS da região de saúde do Norte, por triénios, entre 2005 e 2014
2005-072010-122011-132012-14
ACES Maia/Valongo47,632,831,932
ACES Vale Sousa I (Sul)50,955,555,650,7
ACES Vale Sousa II (Norte)23,124,928,325,9

80 pessoas morreram em 2014

Ainda segundo o documento, no ano em análise, houve 80 óbitos provocados pela tuberculose, na região Norte. Entre 2001 e 2014 morreram 1281 pessoas devido a esta doença. Mas o número de mortes tem vindo a descer e estabilizar. “O risco de morrer por tuberculose tem revelado uma tendência estável na região desde 2009, tanto nos doentes pertencentes a grupos etários mais avançados como nos mais jovens”, diz o relatório.

Em 2014, foram 358 os doentes internados com diagnóstico de tuberculose nos hospitais da região Norte. Uma descida de 31% em relação ao ano anterior. 31 desses internamentos foram no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa e 96 no Centro Hospitalar do Porto.

“A associação da tuberculose aos factores de risco comportamentais, nomeadamente ao consumo de álcool ou drogas, tem vindo a sofrer um decréscimo considerável nos últimos anos”, sustenta ainda o documento.

 

Dados provisórios de 2015 falam em situação favorável

No âmbito do Dia Mundial da Tuberculose, o Programa Nacional para a Infecção VIH/Sida e Tuberculose, da Direcção-Geral da Saúde apresentou os dados provisórios sobre a incidência de tuberculose em Portugal, em 2015. E a evolução foi “favorável”, concluem.

Segundo os dados, a taxa de incidência de novos casos em Portugal situou-se abaixo dos 20 novos casos por cem mil habitantes (18,6/100 mil habitantes), tendo um total de 1925 casos. “Mantém-se a sua concentração nos grupos vulneráveis e nos grandes centros urbanos, onde a adesão ao tratamento e o sucesso terapêutico apresenta resultados mais baixos”, justificam.

A DGS adianta que, em 2016, o Programa para a Tuberculose vai dar prioridade às estratégias que visem melhorar o acesso aos cuidados de saúde, garantir o rápido diagnóstico e garantir o adequado tratamento e acompanhamento dos casos de tuberculose. O objectivo é ter uma taxa de incidência de 15/100.000 habitantes, em 2020.

 

O que é a tuberculose e como se transmite?

Segundo o Portal da Saúde, a tuberculose é uma doença infecciosa causada por um micróbio. É contagiosa e atinge sobretudo os pulmões, mas pode também atingir outros órgãos e outras partes do nosso corpo, como os gânglios, os rins, os ossos, os intestinos e as meninges.

Os sintomas mais evidentes desta doença são tosse crónica; febre; existência e persistência de suores nocturnos; dores no tórax; perda de peso, lenta e progressiva; e falta de apetite, anorexia e apatia.

A transmissão do micróbio da tuberculose processa-se pelo ar, através da respiração, que o faz penetrar no nosso organismo. Quando um doente com tuberculose tosse, fala ou espirra, espalha no ar pequenas gotas com o micróbio que podem infectar uma pessoa saudável.

A prevenção é a arma mais poderosa. É feita através da vacina BCG, que é aplicada nos primeiros 30 dias de vida e capaz de proteger contra as formas mais graves de tuberculose. Deve ainda tratar-se, o mais breve possível, os doentes com tuberculose, para que o contágio não prolifere.

É importante saber que a tuberculose tem cura, se o doente seguir a prescrição do médico e as suas indicações, sendo fundamental não interromper o tratamento, nem mesmo se os sintomas desaparecerem. Este dura cerca de seis meses e é acompanhado pelo médico de família.

Por outro lado, não se pode esconder que a tuberculose mata. Se uma pessoa com tuberculose não recorrer aos serviços médicos competentes e se não for tratada atempadamente, a probabilidade de vir a morrer na sequência da tuberculose é muito elevada.