A rede de transportes metropolitanos UNIR, que opera em 17 municípios da Área Metropolitana do Porto, entre eles Paredes e Valongo, continua a gerar críticas e na subcategoria Transportes Coletivos de Passageiros foi a marca mais reclamada no Portal da Queixa, com 313 reclamações.
Entre os dias 22 de novembro e 22 de fevereiro a empresa ocupou “uma fatia de 53.4% do volume total de ocorrências”, revela o Portal da Queixa, em comunicado.
A análise à nova rede de transportes aferiu que entre os principais motivos de reclamação dos passageiros estão os “atrasos, ou seja, o incumprimento dos horários programados dos autocarros”, que geraram 69% das reclamações.
“Na origem de 16.6.% das queixas, está a falta de autocarros, o segundo motivo mais reportado e que se refere à supressão de autocarros nas carreiras. Segue-se a alteração de carreira (6.2%), onde os casos reportam mudanças sem aviso. A conduta inapropriada do condutor do autocarro também foi denunciada em 4.2% das reclamações registadas pelos passageros”, pode ainda ler-se na nota do portal.
Recorde-se que, a contestação contra o serviço de transportes da UNIR começou antes do início da circulação dos autocarros, sendo que a primeira reclamação foi publicada a 22 de novembro, ou seja, no momento em que os consumidores tiveram acesso à informação sobre as linhas e horários e começaram por denunciar supressões de linhas.
Ainda de acordo com esta análise, os horários dos autocarros geraram um grande volume de reclamações por parte dos passageiros, sobretudo ao final do dia, entre as 18h00 e as 19h00.
Ainda, e perante o mesmo estudo, foi possível aferir alguns indicadores segundo o Portal da Queixa e que revelam que “a marca UNIR regista baixos indicadores de performance, com um Índice de Satisfação avaliado pelos consumidores em 6.1 (em 100), sendo a reputação considerada “insatisfatória”. Já a taxa de resposta situou-se nos 2,9% e a taxa de solução nos 2.6%. Sobressai a taxa de retenção de clientes de apenas 18,4%.
O VERDADEIRO OLHAR teve acesso às queixas que constam no portal e que denunciam, na sua maioria, atrasos dos autocarros, alterações de horários sem aviso e ausência de informações. Ainda hoje, quinta-feira, uma utente de Ermesinde, em Valongo, escreveu que “ao fim de três meses, continua a mesma bandalheira do primeiro dia. Há atrasos consecutivos (…) e não é cumprido o horário estipulado para na estação de Ermesinde”. “Há semanas que o autocarro das 6h25 simplesmente não aparece”.
Um outro utilizador, também de Valongo, explica que o 7009 nunca chega a horas ou quando passa assinala que está “fora de serviço”, sendo que esta semana esteve na paragem da Avenida 25 de Abril à espera do 7009 que deveria passar às 8h15, mas só chegou às 9h30.
Numa queixa reportada no dia 19 deste mês, pode ainda ler-se que na Estação de Suzão, em Valongo, passam dois autocarros entre as 7h00 e as 9h00, mas não recolhem mais passageiros porque passam sempre lotados. Este utilizador critica o serviço prestado pela UNIR, uma vez que desde que começou a operar, no dia 1 de dezembro úlitmo, nunca mais conseguiu um autocarro que o leve ao hospital de São João sem que chegue pelo menos uma hora atrasado. “A rede UNIR pretende satisfazer mais clientes com menos recursos”, lemantou.
Refira-se que a UNIR abrange um total de 439 linhas. Arrancou no dia 1 de dezembro de 2023 com muitas fragilidades e contestação à mistura. A supressão de autocarros e os horários não cumpridos marcaram a fase de lançamento do serviço.
Tanta contestação fez com que a empresa fosse obrigada a rever e reformular horários e percursos, mas, três meses após o arranque do novo serviço de transportes o lote cinco, que inclui os municípios de Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Arouca, São João da Madeira e Vale de Cambra ainda não tem horários disponíveis.
PSD de Paredes quer que autarquia mostre estudo realizado para a planificação dos percursos, paragens e horários
Entretanto, o PSD voltou a levar este assunto à reunião da autarquia de Paredes exigindo ter acesso ao estudo que foi realizado pela Câmara Municipal sobre a rede de transportes UNIR e onde constem “os percursos, as paragens e os horários” que dizem respeito a este município.
O vereador Ricardo Sousa aproveitou para dizer ao autarca Alexandre Almeida que já passaram vários meses desde que os novos autocarros começaram a trabalhar, mas, e segundo o partido, “os problemas persistem”.
O social democrata lembrou ainda a recente concentração que os utilizadores da UNIR fizeram à porta do edifício dos paços do concelho, como forma de exigirem medidas concretas para que os problemas fossem sanados.
“Ou o estudo se existir foi mal concebido ou Alexandre Almeida decidiu a seu belo prazer e agora as pessoas sofrem com isto”, disse Ricardo Sousa, na reunião de executivo, sublinhando que “os paredenses têm o direito de conhecer, caso exista, o referido documento”.
Apesar dos ajustes feitos pela UNIR, Ricardo Sousa lamentou que o “caos no concelho” se mantenha, com “pessoas que perdem o dia de trabalho, crianças que passam horas à espera do autocarro para irem para a escola, assim como idosos que perdem consultas marcadas”.
Ricardo Sousa terminou a sua intervenção dizendo que “antes da UNIR, as empresas de camionagem prestavam um serviço sem encargos de monta para o município, servindo melhor a população do que este que é pago por todos nós”.