Verdadeiro Olhar

Quintandona foi palco do lançamento do guia “Aldeias do Norte de Portugal”

Combater a sazonalidade no turismo, aumentar a estada média do turista na região e alavancar a economia local são os principais objectivos do guia “Aldeias do Norte de Portugal”. Em 160 páginas são descritos os principais pontos de interesse de cerca de 80 aldeias da região Norte. A Aldeia de Quintandona, em Penafiel, além de constar do guia, foi o local escolhido para a apresentação desta iniciativa da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) em parceria com a Associação de Turismo da Aldeia (ATA).

Quintandona é um bom exemplo de recuperação e dinamização de uma aldeia, defenderam os presentes. Do guia constam mais duas aldeias de Penafiel, uma de Paredes e uma de Valongo.

 

Quintandona “é uma referência no concelho e no Norte do país”

As aldeias têm que estar vivas e ter produtos diferenciadores para atrair turistas. Este guia conta com aldeias de 86 municípios do Norte do país, 22 delas da região do Porto, onde estão inseridas as do Tâmega e Sousa.

“O turismo é uma forma de preservação da aldeia, da promoção de riqueza e criação de emprego. Mas têm que existir pessoas nas aldeias”, e estas têm que contribuir para o seu dinamismo, referiu Ana Paula Xavier, presidente da Associação do Turismo de Aldeia, uma das entidades responsáveis por este guia. Por outro lado, frisou, é preciso apostar na recuperação do património e valorização do edificado, e não há fundos para essa área.

A Aldeia de Quintandona, escolhida para a apresentação do guia Aldeias do Norte de Portugal, foi, recorrentemente, referida como bom exemplo. “Esta aldeia estava degradada e ao abandono e passou por um processo longo de recuperação, de cerca de 15 anos, muitas vezes mal compreendido e que implicou muita diplomacia. E só a aldeia recuperada não era suficiente, foi preciso desafiar os privados a criar outras dinâmicas”, recordou o presidente da Câmara Municipal de Penafiel. Agora a aldeia conta com valências como o Wine-Bar Casa da Viúva ou o alojamento da Casa de Valxisto e a dinamização da Festa do Caldo, “que é já uma referência no concelho e no Norte do país”, destacou Antonino de Sousa.  “O turismo de aldeia é uma grande oportunidade e uma das fileiras a desenvolver no turismo”, sustentou o autarca.

 

“São 80 aldeias e 80 experiências diferentes”

“São 80 aldeias e 80 experiências diferentes. É isso que o turista procura: experiências diferenciadoras”, realçou o presidente da TPNP. Melchior Moreira acredita que este guia pode ajudar a combater a sazonalidade no turismo, aumentar a estada média do turista na região e alavancar a economia local, dando visibilidade ao turismo interno. “É preciso aliciar os portugueses a conhecer o país”, afirmou. “Temos recuperações magníficas em aldeias mas é preciso dá-las a conhecer”, acrescentou, dizendo que o guia não está completo e serão acrescentadas novas aldeias a curto prazo.

“Este é mais um dia histórico para a promoção turística da região e do Norte de Portugal”, disse Melchior Moreira, adiantando que a entidade de turismo vai registar a marca “Aldeias do Norte de Portugal”. Será ainda necessário criar um programa de animação que traga as pessoas a visitar as aldeias.

 

Melchior Moreira criticou inexistência de fundos comunitários para o sector do turismo

Em declarações aos jornalistas, o presidente da Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal criticou a inexistência de fundos comunitários para o sector e a má negociação do Governo com Bruxelas. “Fala-se da importância do turismo para o Produto Interno Bruto, mas não houve uma negociação específica para um envelope financeiro só para a promoção turística”, argumentou. “Se houvesse hoje um envelope financeiro para a marca Porto e Norte de Portugal conseguiríamos dar resposta a estas questões de promoção das aldeias. É preciso sinalética e é preciso financiamento”, sustentou.

Por outro lado, Melchior Moreira defende que deve haver maior fiscalização e rigor sobre a aplicação dos fundos comunitários por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte. “A CCDRN investiu milhares de euros nas Aldeias Vinhateiras e não houve retorno nenhum. Os projectos têm que ter continuidade e sustentabilidade”, defendeu.

Guia conta com cinco aldeias da região

São cinco as aldeias da região que constam deste guia. Uma delas é Quintandona, sendo destacados como pontos de interesse a Festa do Caldo, o Centro Cultural Casa do Xiné, o grupo de teatro ComoDEantes e a existência de um centro interpretativo, além de espaços de alojamento e restauração. Em Penafiel, são ainda apresentadas as aldeias de Cabroelo e Figueira. A primeira, localizada em Capela, conta com o Museu da Broa, um parque de merendas e trilhos pedestres e cicláveis como o Caminho dos Moinhos. Já em Figueira, no domingo a seguir ao dia de Reis é representado o “Auto dos Reis Magos” pela população.

De Paredes, consta no guia a aldeia de Castromil e a sua ligação à extracção do ouro. O centro de interpretação das minas e as minas são os pontos de interesse, com referência ainda à gastronomia. A aldeia do Couce, em Valongo, possui também vários atractivos, desde o desporto, com o Corredor Ecológico, a natureza, com as Serras de Santa Justa, Pias e o rio Ferreira, e ainda a animação do Há Festa na Aldeia, entre outros.