Quatro profissionais homenageados pela Delegação de Paredes da Ordem dos Advogados (C/FOTOS)

“Exercer a advocacia é hoje, sem dúvida, um gesto de saudável teimosia. Persistir em exercê-la num ambiente geral de incompreensões e até de hostilidades para com a profissão constitui muito mais que uma teimosia, é uma saga de resistência que é preciso trilhar”, afirmou Jerónimo Velasco, presidente da Delegação de Paredes da Ordem dos Advogados, na cerimónia que homenageou, esta quarta-feira, quatro advogados com mais de 25 anos de exercício da profissão.

Sendo ele próprio um dos distinguidos, a par de Luísa Cristina Lopes, Paula Torres e Alberto Soares Carneiro, Jerónimo Velasco afirmou, em relação aos colegas, que este foi um “reconhecimento não é só pela antiguidade”, mas porque exerceram a profissão de forma ética e idónea. “Vocês enobrecem a toga que vestem”, garantiu.

Fotos: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

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Antes, o presidente da Delegação de Paredes da Ordem dos Advogados lembrou, com emoção, José Manuel Oliveira, advogado já falecido que foi o mentor destas homenagens.

Reiterou ainda as qualidades dos colegas de profissão. “São honestos, profissionais íntegros, dotados de elevado sentido de responsabilidade, entusiasmo e dedicação à profissão de advogado. Têm resiliência, respeito pelos demais intervenientes processuais, espírito conciliador o que conduz à conquista de admiração e respeito dos seus pares. Com dedicação, perseverança, responsabilidade, ética e muito trabalho, sem esmorecerem perante as adversidades, atravessaram diferentes períodos da vida judiciária portuguesa”, afiançou.

A tudo isso acrescem ainda qualidades humanas como “simplicidade e humildade, saber ser e estar, a elegância no trato entre colegas, a probidade e rectidão de cada um. Também por aí servindo de exemplo e referência para as gerações vindouras de advogados”, justificou Jerónimo Velasco.

A cerimónia contou com as presenças do Bastonário da Ordem dos Advogados, do presidente do Conselho Superior, e do presidente do Conselho Regional.

Guilherme Figueiredo começou por lembrar a ligação a Paredes em diferentes períodos para depois elogiar os homenageados. “Estes 25 anos que os nossos colegas hoje celebram, por razões históricas, não são uns 25 anos quaisquer. Foram 25 anos historicamente muito difíceis”, apontou o Bastonário da Ordem dos Advogados, ressalvando as mudanças tecnológicas que existiram neste quarto de século.

“A advocacia é essencial num Estado de direito democrático. E passa hoje por diversos problemas a nível mundial. Os advogados e advogadas mantêm-se na primeira linha do combate em nome da liberdade, de valores fundamentais para o estado de direito democrático, em nome dos respectivos princípios, conscientes que sem eles a cidadania não se executa, não se efectiva”, argumentou.

Dos distinguidos, frisou a “muita resistência, muita resiliência e muita qualidade a vários níveis no exercício da profissão”. Tudo isto “sem nunca perderem uma questão importantíssima para a advocacia que é a opinião, dizer bem e dizer mal nos locais certos”, sustentou Guilherme Figueiredo.

O que disseram os homenageados

“Não sei se os advogados só por terem percorrido um quarto de século merecem este reconhecimento dos seus colegas e da Ordem de Advogados. Mas para estes colegas é uma homenagem seguramente muito merecida. Lembro-me bem, quando pequeno, da honra, do prestígio social que tinha o advogado. Estou reconhecido e triste em simultâneo por este mais de quarto de século. Continuo com a mesma vontade que me fez abraçar a advocacia. Um avogado tem de ser uma pessoa independente e honrar a liberdade, e essa independência é muito necessária para que o advogado possa cumprir a sua missão. Não o sendo, é difícil cumprir a sua missão. O que caracteriza o advogado é ser livre”.

Alberto Soares Carneiro

“Hoje é dia de homenagear a nossa profissão. Não é dia de falar da vida que a advocacia tem levado. É dia de celebrar. Para mim e para os meus colegas e amigos homenageados é dia de celebrar estes nossos 25 anos. Os que me conhecem sabem que também para mim hoje é especial esta cerimónia (emociona-se). Não posso deixar de lembrar o mentor da mesma. Foi o dr. José Manuel Oliveira, no ano de 2005, o mentor que imaginou que os advogados desta pequena comarca deviam merecer a honra desta celebração. Tudo porque tudo se passava em Lisboa, era lá que se faziam os festejos do Dia do Advogado. Fico contente que Paredes mantenha esta tradição. Foi a primeira delegação da Ordem dos Advogados que fez esta celebração. Onde ele estiver estará a olhar para nós e contente. Deixo-lhe o meu agradecimento pela defesa do que julgava ser o melhor para os advogados de Paredes. Agradeço a todos os que estiveram ao meu lado nestes 25 anos. Todos contribuíram para ser a pessoa e a advogada que eu sou hoje”.

Luísa Cristina Lopes

“Os colegas já disseram tudo. Resta-me fazer alguns agradecimentos. Um deles ao José Manuel Oliveira, não o podemos esquecer, foi ele o mentor disto tudo e que concebeu esta cerimónia (emociona-se). Um obrigado à delegação de Paredes que ao longo dos anos soube manter essa tradição e não caiu na tentação de a menosprezar. Acho que todos os colegas gostaram de receber este alento a meio de um percurso profissional. Um agradecimento muito especial à minha família. São eles o suporte disto tudo, são eles que me aturam as mágoas, os desânimos, as efémeras vitórias que vamos tendo. Aos meus pais que são a causa disto tudo. Muito obrigado pela educação que me deram. Sei que cumpri um sonho de alguém que já cá não está. Um muito obrigado ao dr. Ilídio Meireles, amigo e patrono. Obrigado pela amizade e consideração, por me ter recebido como estagiário quando não me conhecia de lado nenhum, por me ter ensinado o caminho da advocacia séria, independente e insubmissa, da advocacia que não tem medo de lutar pela justiça. Foi um verdadeiro farol neste percurso de 25 anos, ainda hoje é o farol que me guia”.

Jerónimo Velasco

“O meu reconhecido agradecimento. Confesso que estou muito nervosa. Mais nervosa que hoje só no dia do meu casamento… Bem, nunca me casei. Casei com esta profissão, com a advocacia, que a maior parte do tempo se confunde com o sacerdócio. E, sendo assim, posso dizer que hoje estou aqui a celebrar as bodas de prata do meu casamento. Comemoração que foi possível graças às pessoas extraordinárias com quem me cruzei quer na vida pessoal, quer profissional. Pessoas por quem sinto uma imensa gratidão e que me fazem sentir uma privilegiada por as ter conhecido. Com todos vós, peças essenciais da engrenagem da justiça, aprendi e continuo a aprender, cresci e continuo a crescer. Um agradecimento especial ao meu patrono, dr. Soares de Moura, e a todos os que passaram pelo nosso escritório, pelo profissionalismo, seriedade, honestidade e lealdade com que pautam as suas condutas. Orgulho-me de os ter como amigos e também me orgulho das amizades que fiz ao longo destes anos com os profissionais desta área. Um agradecimento especial à minha família, e aos meus pais, pelos valores e princípios com que me educaram e sem os quais não seria possível estar aqui hoje”.

Paula Torres