O quartel dos Bombeiros de Paredes vai receber a nona edição do ‘Bombeiro de Ferro’, que decorre nos dias 29 e 30 de Outubro. Vão ser cerca de 250 participantes, oriundos de corporações de Norte a Sul do país, mas as inscrições ainda decorrem até ao dia 16 deste mês.
Este é um evento de “grande prestígio” que “requer um conjunto de estruturas físicas e logísticas, compatíveis com uma organização do género”, explicou ao Verdadeiro Olhar José Morais, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito do Porto. Apesar de ser uma “realização complexa”, sobretudo do ponto de vista logístico, possibilita “abrir as portas do quartel à população”. O público poderá experienciar, em formato de espectáculo, algumas das actividades que fazem parte do quotidiano dos bombeiros e que vão desde “montar e enrolar linhas de mangueira até ao resgate de vítimas”, tarefas que nestes dois dias servem para testar a “capacidade física e mental dos participantes”.
O evento será composto por “quatro estações”, onde os inscritos “têm que realizar um conjunto de provas de resistência física, psicológica e de destreza”, sublinha o presidente.
José Morais, também comandante da corporação de Paredes, congratula-se com o facto de esta iniciativa se realizar no seu município, avançando que, a ideia passava por “descentralizar” esta realização, levando-a a concelhos diferentes. Para além disso, pretende abraçar a internacionalização. Por isso, a Federação já pensa na próxima edição, a décima, que vai incluir “bombeiros de todo o mundo” e com vai acontecer em Vila Nova de Gaia.
“O convívio, a troca de experiências”, não esquecendo o espírito competitivo” são então os ingredientes do ‘Bombeiro de Ferro'”.
José Morais reconhece que a sociedade evoluiu, assim como as corporações que viram aumentada a sua “responsabilidade”. Porque se “há uns anos era notícia uma corporação comprar duas mangueiras e cinco capacetes”, hoje estas estruturas têm uma grande dimensão “humana e financeira”.
É um trabalho duro que não passa apenas pelo combate a incêndios ou assistência a acidentes rodoviários. A prová-lo estão vários acontecimentos que ficaram na história do país. Por exemplo, ninguém pode esquecer que, em 2001, quando a Ponte Hintze Ribeiro desabou, tirando a vida a 59 pessoas, os bombeiros foram os primeiros a chegar ao local do acidente e a entrar no Douro à procura dos corpos.
Ora, e como os bombeiros “são instituições associativas”, passam por vários constrangimentos, sobretudo financeiros. E as pessoas pensam que o Estado é que nos financia, o que não é verdade. Razão pela qual, “o envolvimento da sociedade é fundamental”, considerou o dirigente.
E se as populações “gostam dos bombeiros”, a verdade é que “não estão tão envolvidas como acontecia no passado”. E também pensam que “se pagam impostos, têm direito ao socorro”. Só que, “não podemos esquecer o cariz solidário e abnegado” que é a base do trabalho das corporações que operam tendo em mente o valor da “cidadania, que está sempre activa” e com a mira apontada para o “fazer sempre mais e melhor pela sociedade”. E se tivermos presente, por exemplo, que ser sócio dos bombeiros custa “15 euros por ano”, esta ajuda não é assim tão complicada, frisou.
Por isso, José Morais apela a todos, sobretudo aos jovens, “que participem e se inscrevam nos bombeiros”. Se o fizerem “estão a ajudar a comunidade” onde vivem.
É evidente que, “as dificuldades económicas vão existir sempre”, porque está em causa a “gestão de uma economia social” que vive com apoios limitados. E nesta matéria, o comandante volta a realçar “o trabalho de grande responsabilidade financeira” levado a cabo pelos dirigentes destas colectividades. Ainda assim, não deixa de ver o futuro com optimismo, sendo que esta iniciativa do ‘Bombeiro de Ferro’, além de abrir as corporações à sociedade, revela o seu “espírito de melhoria, de resiliência e de sofrimento”. Porque é ali, dentro daquelas paredes, que se percebe que aqueles homens e mulheres se desafiam a todas as horas e minutos. Por isso, a sociedade tem que perceber que é preciso ajudar os bombeiros portugueses, não só no Verão, mas o ano todo.