O actual edifício do centro de saúde da vila de Lousada, sede do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Vale do Sousa Norte – que serve Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira – e de duas unidades de saúde familiar, é “demasiado pequeno para as actuais valências, para os serviços de saúde que presta, bem como para o número de utentes que ali acorrem”, sustentou o PSD Lousada, em conferência de imprensa.
“Pior, há novas valências que o ACES pretende criar ou ampliar, por exemplo na saúde oral, mas não consegue por falta de espaço”, apontou Leonel Vieira, recentemente eleito presidente da comissão política. E, visto que não há terreno que permita uma ampliação e o espaço para estacionamento é reduzido, os social-democratas vão reivindicar, em reunião de executivo e em Assembleia Municipal, que a Câmara Municipal de Lousada apresente “uma candidatura para a construção de um novo Centro de Saúde na Vila de Lousada, para substituir o actual edifício, em local de fácil acesso, com grande espaço para estacionamento, um edifício moderno, funcional e de dimensões suficientes para acolher todas as valências necessárias e atender os utentes com dignidade e qualidade”, ao abrigo do quadro comunitário Norte 20/30. “É urgente construir um novo Centro de Saúde na Vila de Lousada aproveitando os fundos comunitários disponíveis”, argumentou Leonel Vieira.
Da mesma forma, o responsável pelo PSD em Lousada espera que, ao abrigo do mesmo quadro comunitário, Pedro Machado consiga “a construção do novo Centro de Saúde do Mezio, cumprindo a promessa eleitoral que fez à população de Nevogilde, Casais, Nespereira, Lodares, Covas e Figueiras”.
“Na Assembleia Municipal de Setembro último, questionado por mim sobre a criação e construção do Centro de Saúde do Mezio, o senhor presidente da Câmara demonstrou pouco entusiasmo na concretização da promessa eleitoral. Entretanto, na reunião que na última sexta-feira tivemos com o senhor director do ACES, este afirmou que a criação e construção do Centro de Saúde do Mezio é viável e possível”, salienta o social-democrata.
Questionado, Leonel Vieira antecipa que são “avultados investimentos”, de milhões de euros, que só se concretizarão caso haja apoio do Governo e dos fundos comunitários.
Essa e outras medidas que o partido defende ao nível da saúde serão transmitidas aos deputados do PSD na Assembleia da República, da Comissão de Saúde, nos próximos dias. “Solicitaremos apoio político para junto do Governo defenderem para Lousada a construção de um novo centro de saúde na vila; a construção de um centro de saúde no Mezio, na área ocidental do concelho de Lousada e a consequente criação de uma USF; garantir que para Lousada venham os médicos necessários para atender os mais de 6000 utentes que estão sem médico de família; garantir a criação da USF no Centro de Saúde de Caíde de Rei e garantir que o pólo do Centro de Saúde de Meinedo funcione até às 20h00; e repor o protocolo com a Santa Casa da Misericórdia de Lousada para que o SAP (serviço de atendimento permanente) no Hospital de Lousada seja financiado pelo Governo para que os utentes, durante a noite, feriados e fins-de-semana, tenham serviços de urgência gratuita ou pagando apenas a taxa moderadora, tal como os utentes de Felgueiras, Paços de Ferreira ou Marco de Canaveses”, avançou.
“Em Lousada há mais de 6.000 utentes sem cuidados de saúde, sem médico de família, o que é gravíssimo”
A comissão política do PSD reuniu, nos últimos dias, com entidades ligadas à saúde em Lousada, nomeadamente a Santa Casa da Misericórdia e o ACES do Vale do Sousa Norte, e ouviu utentes, autarcas e profissionais de saúde -para traçar um retrato do sector da saúde no concelho, sobretudo agora que o Município vai assumir competências na área da saúde a partir de Março.
A conclusão foi de que “há coisas positivas e outras que são preocupantes”. Entre os “graves problemas” está, por exemplo, o facto de faltarem médicos de família nos centros de saúde do concelho. “Neste momento, em Lousada há mais de 6.000 utentes sem cuidados de saúde, sem médico de família, o que é gravíssimo. Uma parte destes 6.000 utentes têm médico atribuído, mas os médicos ou estão doentes e de baixa-médica ou despediram-se”, alegou Leonel Vieira. E há outros 1500 utentes que nem médico têm atribuído, acrescentou.
O social-democrata foi informado pelo director do ACES, Hugo Lopes, de que espera “ainda este mês contratar mais três médicos” para colmatar as necessidades. “A crónica falta de médicos de família em Lousada afecta essencialmente os Centros de Saúde Caíde de Rei e de Meinedo”, explicou o também vereador do PSD.
A criação de uma USF tipo B em Caíde de Rei poderá ser a solução, “pois é um modelo de gestão mais atractivo para fixar médicos de família”. Mas, ressalva, com essa criação “o Centro de Saúde de Meinedo passará a ser um Pólo da USF de Caíde de Rei, e funcionará apenas das 8h00 da manhã até às 16h00 da tarde, quando em Caíde de Rei estará o Centro de Saúde a funcionar até às 20h00, numa clara desvalorização do Centro de Saúde de Meinedo, o que se lamenta”. “É natural que cada vez mais utentes de Meinedo optem por se inscreverem noutros Centros de Saúde, pois oferecem melhores condições de saúde e horários de atendimento mais alargados. Com a certa e natural diminuição de utentes está aberto o caminho para o encerramento do Centro de Saúde de Meinedo”, antevê o PSD Lousada.
SAP no Hospital da Misericórdia iria ajudar a “desentupir” urgência do Hospital Padre Américo
A Administração Regional de Saúde do Norte acabou com os SAP – Serviços de Atendimento Permanente entre as 20h00 e as 8h00 da manhã, bem como ao fim-de-semana e feriados em 2011, tendo o protocolo com o Hospital de Lousada sido cancelado. A Santa Casa manteve o serviço, mas a título privado, e nem todos os utentes podem pagar.
“Em 2011, data em que estava a funcionar o SAP no Hospital de Lousada com o protocolo, durante o ano, apenas à noite, feriados e fins-de-semana, eram atendidos mais de 50 mil utentes. Agora a maioria destes mais 50 mil utentes vão entupir as urgências do Hospital Padre Américo, em Penafiel” o que é um acto “de má gestão”, alegou o PSD Lousada na conferência de imprensa.
Leonel Vieira critica ainda o facto de esta decisão não ter sido transversal já que há hospitais em que o SAP continua a funcionar com apoio do Ministério da Saúde, como por exemplo, no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Felgueiras, Hospital da Santa Casa da Misericórdia do Marco de Canaveses e no Hospital de Riba D´Ave, enquanto o Centro de Saúde de Paços de Ferreira mantém o SAP a funcionar aos fins-de-semana e feriados.
“Há 12 anos que os lousadenses estão a ser prejudicados pelo Ministério da Saúde”, enquanto outros acedem a serviços gratuitos ou pagam apenas a taxa moderadora, uma situação que o PSD considera “injusta, intolerável e imoral”. “Exigimos justiça. Exigimos que o protocolo de apoio financeiro no serviço de atendimento à noite, fins-de-semana e feriados no SAP do Hospital de Lousada seja reposto”, concluiu Leonel Vieira, frisando que o executivo socialista não está a fazer tudo o que está ao seu alcance para que isso aconteça.